Desafios do seguimento

 

Quem se propõe a seguir Jesus deve estar disposto a cumprir certas exigências. Jesus chama quem ele quer e, muitas vezes, a pessoa que é chamada encontra resistências na própria família que se opõe à tal convite.  Não foram poucos, os santos que tiveram que enfrentar até os pais para atenderem ao chamado de Cristo.  São Francisco de Assis, São Francisco de Sales, Santa Clara e tantos outros passaram por isso. Deus tem um sonho para cada um de nós mas, os pais também tem sonhos para os filhos e os dois sonhos nem sempre vão na mesma direção. Felizes aqueles como Santa Terezinha, que tiveram pais santos e souberam apoiar os filhos nesse caminho de santidade! Mas, nem sempre isso acontece. No Evangelho de Lucas (Lc 14, 25-33), Jesus afirma: - “Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo...”

A família é um grande valor na vida cristã e o amor aos pais é um dos mandamentos da lei de Deus. As exigências do chamado, no entanto, são tão grandes que até mesmo esse grande valor deve ficar em segundo lugar.

Uma segunda exigência para quem deseja seguir Jesus é a cruz, ou seja, a renúncia à própria vida. Mas, o significa, concretamente, essa exigência?  A cruz é a estrega de si mesmo, o esvaziamento do próprio ego, a doação da própria vida para o bem do outro.  A vida, nesse caso, pode ser doada de uma única vez ou mesmo à conta-gotas.  Foram muitos, os santos e santas que doaram a vida no serviço ao próximo. Aqui podemos nos lembrar de Santa Dulce dos Pobres, Tereza de Calcutá, São Vicente de Paulo e muitos outros. Temos ainda aqueles santos anônimos cujos nomes não chegaram aos nossos altares.  Pais e mães de família, profissionais de diversos ramos que, no silêncio de seus trabalhos, não mediram sacrifícios para ajudarem ao próximo. Alguns chegaram ao extremo de doar a vida para que nem conheciam direito, como foi o caso de São Maximiliano Kolbe que se ofereceu para morrer no lugar de um pai da família na época do nazismo.

Uma terceira exigência e, talvez, a mais difícil, em nosso tempo é a renúncia aos bens materiais.  Numa sociedade de produção e consumo como a nossa quem consegue se livrar dessa onda é verdadeiramente um herói. O tempo todo somos submetidos à propaganda que nos induz ao consumo não só de bens necessários mais de um amontoado de coisas, absolutamente, supérfluas. Cada dia que passa um novo produto aparece nas vitrines e a publicidade nos induz a pensar que sem ele não conseguiremos ser felizes. Como falar de austeridade e vida regrada diante dessa avalanche consumista que invade o nosso tempo? E vale ressaltar que, atualmente, não basta ser consumista. É preciso consumir e ostentar. Essa cultura da ostentação acaba sendo um insulto àqueles que não tem nem o mínimo garantido para a sobrevivência. Não deixa de ser escandaloso que alguém se diga cristão e aceite esses falsos valores sem criticá-los. O caminho do seguimento a Jesus passa, necessariamente, pela nossa conversão e mudança de vida.

Quem ama a Deus sobre todas as coisas, relativa tudo mais em vista desse amor e somente está apto ao seguimento de Jesus quem consegue, ou se esforça, para cumprir esse preceito. A respeito disso dizia Santa Tereza de Ávila: “O que não é Deus nada é para mim – Só Deus basta”. Quem dera todos nós pudéssemos dizer, um dia, assim como o Apóstolo Paulo: Já não sou eu quem vive é Cristo que vive em mim!  Assim como Paulo ou Tereza de Ávila, todos os santos foram para nós modelos de seguimento cristão. Que eles nos ajudem nessa missão!

Imagem de Quang Nguyen vinh por Pixabay