Vocação: Uma vida em sintonia com os planos de Deus

 

A comparação é imperfeita e não é minha.* Mas, servirá para ilustrar o que pretendo dizer:

Certo diretor de cinema, após analisar centenas de fotos e currículos para contratar atores para o seu filme, separou uma foto e disse ao seu assistente: Entre em contato com essa pessoa e marque uma entrevista. Ela se encaixa no perfil que necessito para o próximo filme... Algo semelhante acontece com Deus que, na mesa da eternidade, diante das múltiplas possibilidades  pensou em você para atuar no seu projeto que é bem mais importante que um simples filme de cinema. Trata-se do filme de sua vida real cujo desfecho deverá ser um final feliz.

Você foi escolhido por Deus, desde a eternidade e chamado à vida para realizar um projeto de existência marcado pelo amor, pois só isso explica a escolha divina. Por isso, vale perguntar: Será que estou realizando em minha vida o que Deus espera de mim?  Estou respondendo à altura a vocação para a qual fui chamado?

O que não faltam em nosso tempo são receitas de felicidade e, a felicidade, nesses casos, coincide com a possibilidade de poder ter e gastar... Mas, será que fui criado por Deus e colocado na vida apenas para atender à uma demanda de mercado?  Nessa lógica eu também não corro o risco de ser visto apenas como  uma mercadoria com data e prazos de validade!

Para esclarecer mais ainda o que penso de vocação vou contar mais uma história: Certo homem trabalhava numa loja de vidros e passava o tempo todo lavando e tampando as garrafas. As garrafas lhe chegavam destampadas com as tampas separadas numa sacola. Assim, ele devia juntar cada tampa à sua garrafa correspondente. Às vezes, demorava muito para fazer essa combinação. 

Acerta em sua vocação quem encontra a tampa certa de sua garrafa.  Não adianta querer ser padre se a pessoa tem vocação para a vida familiar. O contrário também é verdadeiro. Não adianta querer ser missionário se a vocação da pessoa é para a vida contemplativa. Trocar as tampas costuma resultar em erros sem garantia de final feliz.

Antes de concluir esse texto alguém poderia me questionar: Como poderei descobrir o que Deus pensou para mim, ou seja, para qual vocação fui chamado?  Primeiro é preciso entender que não temos respostas prontas e definitivas para quase nada, pois somos criaturas em construção. Quem foi chamado à vida matrimonial deve renovar esse compromisso todos os dias! Isso vale igualmente para outras vocações. A vocação se dá no campo da fé e não no campo das certezas absolutas. Resta-nos, apenas, um conjunto de evidências  e a partir delas sou levado ao conhecimento desse projeto de Deus a meu respeito e isso deve ser buscado todos os dias!

A vocação é como uma planta que, depois de plantada, precisa ser irrigada e cultivada, caso contrário, acaba se definhando e morrendo. Esse cultivo acontece de diversas maneiras, mas principalmente, pela oração. É na intimidade com Deus que ele vai nos revelando os seus segredos e o que espera de cada um de nós. Por isso, é tão importante nos colocarmos sempre diante dele e perguntar: - Senhor, o que quer de mim? Pense nisso!

*Leo J. Trese, A Caminho do Céu. Quadrante, SP, 1989 p5-6.

Imagem de Tania Van den Berghen por Pixabay