Os birutas
Quando iniciei esse texto queria falar de duas palavras gregas que nomeiam dois comportamentos humanos diferentes: Misantropia e Filantro...
Quando iniciei esse texto queria falar de duas palavras gregas que nomeiam dois comportamentos humanos diferentes: Misantropia e Filantropia! Mas, como uma coisa puxa a outra, acabei adicionando uma terceira palavra, por achar que ela caracteriza melhor, boa parte das pessoas, hoje em dia. Trata-se, da palavra "biruta"!
As palavras misantropia e filantropia são filhas da mesma mãe, ou seja, a língua grega. São irmãs que parecem não combinar muito uma com a outra. Enquanto a filantropia tem um gosto pelo ser humano a misantropia indica o inverso. Mas, não levemos a coisa assim, tão ao pé da letra! O misantropo, necessariamente, não tem ódio ou aversão ao ser humano. Afinal, ele, deve gostar, no mínimo, de si mesmo! O que lhe agrada é buscar certo isolamento da fervura e da turbulência das ruas. Pode ser uma espécie de ermitão, que busca no deserto, a essência de si mesmo.
O filantropico é aquele que tem gosto e paixão pela humanidade mas, isso também não pode ser levado ao pé da letra. Como dizia o filósofo, a virtude está no meio de dois extremos! O que sei é que, de vez em quando, uma parte do mundo quer ser bicho do mato. A outra parte, incapaz de suportar a si mesma, busca dividir com terceiros o gosto amargo do existir.
Já nos cansamos de ouvir que nenhum homem é uma ilha e isso é uma grande verdade. Só precisamos de duas pessoas para existir: Deus e o mundo! Ops! Esqueci que o mundo não é uma pessoa. É um ajuntamento delas que me inclui e inclui também você. Apesar dessa necessidade, intrínseca, de alteridade, precisamos também, de um pouco de isolamento, de vez em quando. Às vezes, é necessário sair do rebanho para tomar posse de si mesmo e de seu universo de valores para não ser “Maria vai com as outras”. Aliás, essa expressão: “Maria vai com as outras” ao que parece, surgiu a partir de D. Maria I, rainha de Portugal e mãe de Dom João VI. Por ter problemas mentais ela era conhecida como “a louca” e, quando saia de casa, era sempre acompanhada por suas damas de companhia. Daí, Maria vai com as outras! A expressão passou a significar alguém sem convicções próprias, incapaz de autogovernar-se.
Nos aeródromos do Brasil existe um objeto que servirá para ampliar minhas ideias nesse texto. Trata-se, da “biruta”, uma sacola de tela, tipo coador, com uma cavidade que, se enche de ventos indicando a direção dos mesmos. Quando o vento muda de direção a biruta muda a sua também. Tenho impressão que boa parte de nossa gente, atualmente, se assemelha às birutas. Vão para as ruas, agitam bandeiras sem muita convicção do que fazem. Mudam de time, de religião ou de partidos com a mesma facilidade que os ventos mudam de direções. Vistas de longe as birutas parecem bonitas tremulando em seus mastros. Mas, não podemos nos esquecer de que têm, dentro de si, apenas vento e nada mais...
Você conhece pessoas assim?
Imagem de Herbert Aust por Pixabay
Farei minhas reflexões a partir do texto do Senhor.
ResponderExcluirA ignorância é o pior ingregediente que conduz o ser humano a seguir comportamentos sem a real convicção. Parece que não seremos os mesmos ou seja, estamos agora nos conhecendo melhor.
Que Deus nos dê sabedoria para os momentos difíceis como o que estamos vivendo.
Texto oportuno. Os birutas estão à solta. Sobram "misos" escasseiam-se "filantropos".
ResponderExcluirBelíssimo texto Padre,,,,,, Em um mundo com uma discrepância enorme em todos os sentidos , convém a nós humanos, pensar melhor , nos tornarmos mais humildes para assim quem sabe, poder perceber o quão valiosa é a vida , mais ao mesmo tempo como é rápida também,,,, Que nós possamos ser mais educados, amorosos e atenciosos com nossos semelhantes !! Mundo atual nos colocam as vezes em colapso, conseguem as vezes até bagunçar nossas ideias....... o que não podemos é nos deixar a vida nos levar da maneira que der e vier...... podemos mudar o rumo do nosso Barco , basta querermos !!
ResponderExcluirQue Deus seja louvado!
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