Olhou para a humildade de sua serva

  O Evangelho de Lucas (Lc 1, 46 – 56) nos mostra, que após o encontro com sua prima Isabel, Maria cantou um hino de louvor a Deus, ou seja,...

 


O Evangelho de Lucas (Lc 1, 46 – 56) nos mostra, que após o encontro com sua prima Isabel, Maria cantou um hino de louvor a Deus, ou seja, o “Magnificat”. Todo o canto é maravilhoso e recheado de citações bíblicas. Trata-se de um canto revolucionário que inverte a lógica do mundo e fala do reino de Deus. Enquanto o mundo valoriza os ricos e famosos, Maria afirma: “o Senhor derruba do trono os poderosos e exalta os humildes”. Enquanto o mundo valoriza o poder, Maria se coloca como “Pobre serva”.

Nesse canto percebemos a grande humildade de Maria, humildade que consiste em esvaziar-se de si mesma, para acolher a Deus. Isso choca com nossa mentalidade atual. Hoje, vivemos uma espécie de culto, ao próprio ego. Andamos cheios demais de nós mesmos e, por isso, não há lugar em nós, para Deus. A gloria que buscamos não é a de Deus, mas, a nossa que é vã. Na verdade, nos vangloriamos por tudo e por nada! Maria se coloca como “pobre serva” diante de Deus. Abre mão de sua vontade para que a vontade de Deus se cumpra nela.

O desejo de chamar a atenção sobre nós, ultimamente, é algo tão forte que, se não tomarmos cuidado, podemos cair nas armadilhas do pecado. Disputamos “likes”, curtidas, e de alguma forma, buscamos aplausos e reconhecimento público. Alguns, de fato, nasceram de famílias ricas, são inteligentes, bonitos e talentosos. Mas, nem por isso, precisam cultuar o próprio ego. A esse propósito São Francisco de Sales, em seu livro Filotéia, nos diz o seguinte:

"Neste ponto, pode-se comparar a humildade às árvores das ilhas de Tilos, que de noite conservam fechadas as suas flores, de um encarnado muito vivo, e só as abrem ao nascer do sol; o que faz os habitantes da ilha dizerem que estas flores dormem de noite. Com efeito, a humildade esconde as virtudes e as boas qualidades e só as mostra pela caridade, que, não sendo uma virtude humana e mortal, mas celeste e divina e o sol das virtudes, deve sempre dominar sobre todas; de sorte que, se a humildade prejudica a caridade em alguma coisa, é, sem dúvida, uma humildade falsa." (1)

São Francisco de Sales compara a humildade a essas árvores que durante a noite escondiam a beleza de suas flores. Tal beleza só era mostrada à luz do sol. Assim, a verdadeira humildade é demonstrada na caridade. Sendo a caridade uma virtude divina ela é o sol das virtudes. A virtude da humildade não combina com a vã glória, ou à glória de si mesmo. Maria esvaziou-se dela mesma para encher-se de Deus. Por isso foi, verdadeiramente, humilde.

Ainda falando sobre a humildade, no mesmo capítulo mencionado, São Francisco de Sales diz o seguinte:

“Diz-se que certo passarinho, por nome tataranho, tem uma virtude secreta, no seu grito e nos seus olhos, de afugentar as aves de rapina e crê-se ser esta a razão da simpatia que as pombas lhe dedicam. Assim nós também podemos dizer que a humildade é o terror de satanás, o rei do orgulho, que ela conserva em nós a presença do Espírito Santo e de seus dons e que por isso foi tão apreciada dos santos e santas e tão querida dos corações de Jesus e de sua Mãe.”

De acordo com o nosso Santo, a humildade é uma virtude que tem o poder de afastar de nós, o demônio e trazer para perto de nós, as pombas que são as outras virtudes. Com relação a isso vejam outro texto de nossa autoria:

“Ficar igual a Deus; esse é o maior sonho da humanidade!  Apesar de sermos uma carência ambulante sonhamos com a onipotência. Dizem que Santo Antão, o fundador da vida monástica, certa vez, teve um sonho e dentro dele uma visão: Viu grande parte dos homens sendo arrastada ao inferno por meio de milhares de cordas que os puxavam. Aquela visão o incomodou muito, pois, não via como cortar tais cordas e libertar os cativos. E, no entanto, via que alguns homens não eram amarrados nem puxados pelas cordas. Então, questionou ao próprio Deus sobre aquelas exceções. E ouviu de Deus mesmo, que os únicos que escapam das cordas são os humildes.  A humildade é uma virtude que nos defende do inimigo, pois, quem é humilde não quer ser maior, do que de fato, é. Num mundo competitivo, onde todos buscam grandezas, quem seria capaz de se livrar dessas cordas”? (2) .

Peçamos a Deus que nos ensine a ser mais humildes assim como foi Maria, e que aprendamos com ela a ter pressa para servir ao próximo.

 

1-      "Filotéia" ou introdução à vida devota, Vozes – Cap. 5

2-      https://ggpadre.blogspot.com/2021/09/a-humildade-e-as-cordas-do-diabo.html

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