O Perdão

  Costumamos guardar, com muita facilidade, um desejo de vingança. Por trás desse sentimento esconde-se, certo orgulho consequência de um eg...

 


Costumamos guardar, com muita facilidade, um desejo de vingança. Por trás desse sentimento esconde-se, certo orgulho consequência de um ego inflado. Podemos perceber a questão numa pergunta do tipo: - Como fulano foi fazer isso comigo?  (logo comigo, que sou uma pessoa tão especial...) A segunda parte está embutida no resto da pergunta embora não venha à tona.  Se me considero uma pessoa tão especial, então, o outro foi injusto comigo, me tratando daquele jeito.  Mas, será isso mesmo?  Quantas vezes, eu também não “pisei na bola” com os outros? Pessoas “especiais” também erram e daí a necessidade de perdoar e pedir perdão.  O contrário disso é desejo de vingança. Mas, a vingança só faz aumentar a violência nas relações humanas. Perdoar não é sinal de fraqueza; quando muito é sinal de fortaleza, pois, não há fortaleza maior do que vencer a si próprio.

Muitas vezes, queremos cobrar o mal que recebemos e nos esquecemos de pagar o bem que nos fizeram. Ao longo de, apenas um dia, quantos favores recebemos?  Desde o cafezinho da manhã preparado por alguém, às roupas limpas, o motorista do ônibus, o açougueiro que nos atendeu... Seriam incontáveis as atitudes benevolentes recebidas num único dia!  Então, porque se afligir tanto por apenas uma atitude de alguém que nos desagradou?  Nunca conseguiremos retribuir a todos pelo bem que nos fazem. Por isso não faz sentido querer cobrar um único mal que nos fizeram.

Infelizmente, a natureza humana é frágil e, por isso, somos tão ágeis nas atitudes violentas. Se alguém me bate eu lhe bato de forma dobrada. O perdão é um dom de Deus. A palavra perdão vem de uma palavra da Idade Média, “Per-dom”, ou seja, “dom profundo”. (1) O perdão é um sentimento que brota do fundo do coração, mas que na verdade, vem de Deus. Precisamos pedir sempre esse dom e Jesus nos ensinou a fazê-lo, sempre, na oração que nos ensinou o Pai-Nosso! 

Quando Pedro interrogou a Jesus se deveria perdoar sete vezes ele lhe respondeu que deveria perdoar setenta vezes sete, ou seja, perdoar sempre. (Mt 18, 21 – 35). Esse esforço de perdoar se funda na infinita misericórdia de Deus que também nos perdoa sempre.  O perdão faz bem àquele que o recebeu e faz um bem, ainda maior, a quem o concedeu. A falta dele nos leva ao adoecimento e à tristeza. Um dos sacramentos mais lindos deixados por Jesus é o sacramento da reconciliação, (confissão). Ele é chamado “Sacramento da cura”, pois tem a virtude de trazer de volta a alegria ao coração de quem foi perdoado. A tristeza, o remorso e o sentimento de culpa também nos adoecem. O remédio para esse tipo de enfermidade não se encontra nas farmácias. Ele pode vir de Deus. Para adquiri-lo, basta que você o procure de coração sincero.  

1- CASARIN, Giuseppe (Org) Lecionário Comentado - Quaresma - Páscoa. Lisboa, PT. Paulus Editora, 2009. Pp 157

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay 

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