Cães, gatos e passarinhos. Como não gostar deles?

 

Nas proximidades da Escola de Artes e Ofícios, em Pará de Minas, existem três cachorros que tem o hábito de cercar e sair latindo atrás dos veículos que circulam no local. Por alguma razão ignorada, eles têm raiva dos carros. Como passo por ali, todos os dias, quando vou celebrar a missa para as irmãs, aprendi a lidar com eles.

Confesso que gosto de bichos e só não tenho cachorro porque não paro em casa. Em São José da Varginha tenho três gatinhos: Neguinha (foto), chorão e manhoso. Neguinha é mais carinhosa e procura me acompanhar até quando vou rezar na Igreja. Chorão só sabe miar. Quem ouve seus miados pensa que ele está varado de fome. Na verdade, tem o olho maior que a barriga, pois, além de comer sua ração, fica de olho no pratinho dos outros. Manhoso tem um miado que parece choro de criança. Quando mia acaba convencendo a gente a colocar mais ração para ele... Um dos filhos de Neguinha é meio desnaturado e fugiu de casa por não conter a rebeldia de rapaz solteiro.

Na Rádio Santa Cruz e Stilo temos uma gatinha que acabou se tornando a mascote das emissoras. Trata-se de Dona Beija (foto em destaque). Ela veio da rua e foi adotada por nós. Hoje, faz parte da equipe. Dona Beija vem encontrar-me, no portão, quando chego às Rádios. Depois falam que gato não sabe dar carinho...

Mas, voltemos aos cachorros de rua que não gostam de carros. Aprendi que se parar o carro e conversar com eles, perdem a raiva e se tornam meigos. Então, quando vem em minha direção, feito bala de revólver, eu paro o carro, ponho a mão para fora, e converso com eles. Descobri que, se eles não gostam de tecnologia, gostam de humanidade. Nesse ponto temos algo em comum.

Dizem que Dom Bosco tinha um cachorro misterioso que surgia do nada, para defendê-lo, quando ele estava correndo perigo. Não precisamos duvidar disso, afinal, Deus tem seus caminhos.

Minha amiga Vitória(foto) se diz protegida por um Bem-te-vi. Ela criou e alimentou o passarinho no fundo do seu quintal e, por isso, ele a acompanha e nas suas horas difíceis canta para ela ouvir. Segundo Vitória o pássaro já lhe fez companhia até em outra cidade. Quando ouve o seu canto ela abre os ouvidos e tenta entender o recado que vem de sua música. Vitória é uma pessoa muito pura e de bom coração. Não são apenas os passarinhos que gostam dela. Muita gente cansada e sem esperança para diante de sua casa, toma um cafezinho que ela oferece e ganha novas motivações para viver. Ela mora só, faz doce e biscoitos para vender e, apesar de suas dificuldades, ainda arranjou tempo para criar uma menina que hoje está casada. Em torno de sua casa há sempre uma revoada de passarinhos que chamam a atenção de quem passa por lá. Não duvido que Deus possa enviar uma de suas criaturinhas para dar proteção àquela que a vida inteira soube proteger e ajudar os outros!