Caso de mineiro
Assim como cada rio tem o seu leito, cada um de nós tem a sua história. Em cada curva do rio ele pode encontrar surpresas e encantos e, as...

Assim como cada rio tem o seu leito, cada um de nós tem a sua
história. Em cada curva do rio ele pode encontrar surpresas e encantos e, assim
também, é a vida de todos nós. Existem certas passagens que enfrentamos de
maneira única e paisagens que, somente se descortinam, ao olhar individual. Também
não ignoramos os penhascos e cachoeiras pois, os tombos fazem parte da vida de
qualquer caminhante. É bom lembrar-se
no, entanto, que na sombra das cachoeiras mais altas encontramos as mais lindas
borboletas!
Todo mineiro costuma ser bom contador de casos. Para não negar a minha condição, partilho com
você a história de um mineiro, sobre uma paixão, secreta, que marcou sua vida.
Depois de ler a história me diga se não encontrou belíssimas paisagens nesse
curso de rio...
“Ela era mesmo
prostituta! Apesar disso, era muito respeitada no arraial. Longe do que se vê, nos dias de hoje, ela
sabia ser discreta e, por isso, era considerada por todos. Exercia-se, apenas à
noite, em caladas horas, de maneira, a não chamar a atenção de ninguém. Essa
foi a parte que a vida lhe reservou e, no mais, era o seu jeito de matar a fome
e criar sua única filha, com certa dignidade. Eu a amava assim mesmo. Sabia de
seu ofício, mas, sabia também, que no coração dela havia um compartimento só à
mim reservado. Agora veja, o senhor, se Glória, esse era o nome dela, merecia o
fim que teve? Só por recusar um cliente acabou assassinada em sua própria
cama. Como explicar a garganta do ódio a
engolir quem vivera só de amor? Por isso, agora levo nas mãos essas flores.
Eram as que ela mais gostava. Não perco a ocasião de finados para enfeitar o
leito de terra à quem me deu, em vida, um leito só de amor...”
Depois do relato saiu o mineiro, cambaleante, rua acima em
direção ao Campo Santo. No peito um vazio e nas mãos um buquê de flores
vermelhas. Caminhava lento e pensativo. Em sua fala nenhum julgamento ou
preconceito. Sabia separar as coisas e escolhera o melhor lado da vida. Aquele
simples caipira sabia que só a Deus cabe julgar a vida alheia.
Nossa vida é como um rio onde, com o tempo, as águas se
transformam. Podem sujar ou limpar. No mar, todas elas se misturam e se fundem
num azul infinito, tal como a cor do vestido, em que Glória fora sepultada...
Imagem: Imagem de Stefan Schweihofer por Pixabay
Deus seja louvado
ResponderExcluirMEU Deus quanto ódio existe no coração de alguém escolhe a maldade!
ResponderExcluirCertamente Deus a receberá em sua glória porque Deus é misericórdia e realmente ela não foi uma pecadora na dimensão de quem a tirou a vida. QUE DEUS TENHA DELE TAMBEM COMPAIXÃO.