Amar a Deus acima de tudo
E cá estava eu, com a cabeça a girar buscando ideias para meu comentário do texto bíblico, coisa que faço diariamente. As ideias, às vez...

E cá estava eu, com a cabeça a girar buscando ideias para meu
comentário do texto bíblico, coisa que faço diariamente. As ideias, às vezes, nos chegam como um
amontoado de espigas de milho que carecem de separações e classificações. Uma
boa ideia tem que dar liga, assim como um bom requeijão.
O Evangelho falava de renúncia radical (Lc 14, 25 – 33). O
texto, cortante como lamina afiada, dizia que precisamos colocar Jesus acima de
tudo, até mesmo dos laços familiares, se quisermos segui-lo. Isso parece muito
duro aos nossos ouvidos! Mas, o texto bíblico deve ser encarado com tal. Como tratar dessa questão de forma palatável
aos nossos paladares sem trair a mensagem cristã?
Na agonia da busca pelo melhor caminho para comentar o texto
acabei sendo premiado por uma notícia veiculada no jornalismo na noite
anterior. A notícia mostrou o desespero das pessoas querendo sair de Gaza em
razão dos ataques promovidos por Israel. Mostrou uma família que, aguardava o
momento para entrar no Egito fugindo da zona de guerra.(1) Assim que abriu a
fronteira a mãe seguiu acompanhada pela filha. O pai ficou para trás, ele é
médico e resolveu ficar em Gaza para cuidar dos feridos de guerra. Agindo
assim, colocou o amor acima dos laços familiares. Trocou o que era bom por algo
ainda melhor. Sua filha (Dináh?) disse estar triste, mas, ao mesmo tempo feliz
por ver o bom exemplo de seu pai. Aquela família, pelo jeito, muçulmana,
colocou em prática o ensinamento de Jesus. O exemplo daquele pai me ajudou a
comentar o texto bíblico.
O Evangelho afirma com todas as letras: “Se alguém vem a mim,
mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos
e suas irmãs e até da própria vida, não pode ser meu discípulo”. Como se pode ver, não dá para seguir Jesus
com entusiasmo passageiro do tipo fogo de palha. O médico citado colocou o amor
aos feridos de guerra acima do amor à família e até da própria vida, pois nessa jogada ele também poderá
morrer. Que Deus o abençoe e o proteja, mas num campo de guerra, infelizmente,
tudo pode acontecer.
Talvez o contexto não exija de nós decisões tão radicais como
esse citado, mas, isso não nos dispensa que questionar nossas escolhas e a
firmeza de nossa fé em Cristo. É preciso
perguntar: Qual o lugar Deus ocupa em minha vida? Frequentemente, o substituímos
por coisas pequenas... Quantos deixam de participar das missas por causa de
trabalhos, lazer, negócios ou até por preguiça? Além do mais, precisamos
questionar o lado saudável de nossos apegos. Recentemente, ouvi uma mãe
reclamar de seu filho: Ele vive às nossas
custas, não trabalha, escolhe comida e nem conversa comigo... Pensei que se
tratasse de algum filho adolescente e perguntei pela idade do garotão. Ele já
fez 42 anos, padre! Aí, já é demais! Até
que ponto o apego da mãe não impediu o
crescimento do marmanjo? Algumas mães, simplesmente, não deixam os filhos
crescerem e permanecem o tempo todo com esses “Peters Pans”.
Para seguir ao chamado de Cristo é preciso relativizar muitas
coisas, que mesmo sendo boas, não deverão ocupar os primeiros lugares em nossas
escolhas. Pense nisso!
1- Matéria exibida no Jornal Nacional, da Rede Globo, dia 07/11/2023
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Esta reflexão me leva a pensar em vidas que são consagradas a Deus, e tenho conhecido pessoas que resolveram depois de suas vivência comuns de simples mortais, dedicar a vida espiritual com total desapego do mundo de antes.
ResponderExcluirNao entregaram seus bens materiais mas estão com dedicação do seu tempo para estar mais à ajudar em sua igreja e ao próximo.
Evolução espiritual a caminho.