Perdendo a humanidade
A gente brincava juntos e, às vezes, brigávamos também. Algumas vezes, ficamos de castigo, juntos, pela professora. Ele era o meu melhor a...

A gente brincava juntos
e, às vezes, brigávamos também. Algumas vezes, ficamos de castigo, juntos, pela
professora. Ele era o meu melhor amigo e hoje, no entanto, a gente nem se vê mais.
Ele mudou-se para estudar, ganhou dinheiro e conheceu pessoas importantes. Eu me
lembro dele, com saudades mas, acho que ele nem me conhece mais...
O relato acima, que ouvi de um senhor, que me procurou para
conversar, me deixou pensativo. Enquanto ele se referia ao amigo de infância seus
olhos brilhavam, mas ao final do relato seu semblante mudou de figura e uma
sombra de tristeza o invadiu. Histórias
desse tipo não me parecem raras, infelizmente, acontecem todos os dias e, às vezes,
até com irmãos de sangue. O tempo e as obrigações, lamentavelmente, se incumbem
de desgastar velhas e boas amizades. O amigo que se foi, às vezes, só retorna
no dia do velório!
A gente perde a humanidade quando perde algumas coisas em
função de outras menos importantes. Quantos abandonam a família por causa de
dinheiro, negócios e outros interesses? Quando se está ligado à uma
instituição, por exemplo, é preciso muito cuidado para não ser engolido por ela,
de tal maneira que, em vez de “CPF” a gente passe a ser contado, apenas, como “CNPJ”.
Ao ler o Evangelho de São Marcos (Mc 6, 30 – 34) aprendi um grande
ensinamento: Contemplar a humanidade de Jesus! No relato, os apóstolos ao retornar
de uma missão fizeram um relatório das atividades a Jesus. Pelo jeito, fizeram
uma partilha espontânea de suas experiências missionárias com seus trabalhos,
alegrias e fadigas. Após ouvi-los e apercebendo-lhes o cansaço, Jesus os
convidou para irem a um lugar deserto a fim de descansarem. Profundo conhecedor da condição humana, Jesus notou
o esgotamento de sua equipe e quis proporcioná-la um tempo de refrigério. O que
me encanta nisso tudo é constatar a grande humanidade do nosso Deus. Ele nos
conhece e sabe de nossos limites. De fato o “assédio” parecia ser grande pois,
o texto bíblico afirma que eles não tinham tempo nem para comer.
Em outra passagem bíblica podemos constatar a mesma situação,
ou seja, a grande humanidade de Cristo. Refiro-me à sua caminhada para o
calvário. No trajeto ele encontrou-se com algumas mulheres chorosas e entristecidas
e mesmo o auge da dor, arranjou forças para consolá-las: Filhas de Jerusalém,
não chorem por mim...
Noutra situação, ao saber da morte de seu amigo Lázaro, ele
chorou ao visitar as irmãs do morto e perceber o grande sofrimento delas.
Temos um Deus que chora; um Deus que tem coração de carne e
não de granito; um Deus humano; mais humano do que nós, que muitas vezes, não
nos compadecemos do outro. Quantas coisas podemos aprender com essa humanidade
de Jesus! Por muito pouco, e em nome de
interesses miúdos corremos o risco de perdermos a nossa humanidade. Assim,
vamos esquecendo até do pai, mãe, irmãos e ainda mais dos amigos conforme o
relato no início do texto.
A Bíblia nos diz que quem encontrou um amigo, encontrou um
tesouro. Invertendo a afirmação podemos dizer que quem perdeu um amigo perdeu, igualmente,
um tesouro! Qual é sua opinião sobre isso? Deixe, abaixo, o seu comentário.
Obrigado.
Foto: Arquivo pessoal