O milagre das flores
Dona Sinhá, capenga e corcunda, percorria as ruas tortas de seu bairro tentando endireitar a fé de seu povo. Sua coluna reclamava quando a...
Dona Sinhá, capenga e corcunda, percorria as ruas tortas de
seu bairro tentando endireitar a fé de seu povo. Sua coluna reclamava quando
abusava com o peso, além da conta, para sua idade avançada. Com sua fé à toda prova, devota de Nossa
Senhora, Dona Sinhá era incansável com suas novenas e orações devocionais. Certo
dia, recebeu um comunicado: A imagem peregrina de Nossa Senhora iria visitar
sua casa. Ela deveria buscá-la na casa de sua prima Imaculada no alto do Morro do Pilar.
Dona Sinhá enviuvara cedo e morava só pois, havia casado
todos os filhos. Mal conseguia cuidar da casa em razão de suas artroses,
escolioses e mais uma porção de macacoas, próprias da idade. Seu jardim estava seco
e para piorar a situação, quase todo dia faltava água em sua rua.
Quando chegou o sábado, mal amanhecera o dia e Dona Sinhá
pegou sua bengala para buscar a santa. Acontece que a imagem era grande e
pesada. Toda enfeitada de flores tornava o seu transporte ainda mais difícil.
Mas, ela nem cogitou em desistir de tão ilustre visita. Abraçou a santa e desceu
a ladeira deixando as flores para trás, afinal, era muita coisa para ser levada
de uma única vez. Ficou pesarosa de deixar os enfeites mas, não lhe restava
outra opção.
Os caminhos de Deus são misteriosos e surpreendentes pois,
quando Dona Sinhá chegou, ofegante, em sua casa percebeu algo diferente em seu
jardim. Ele estava todo florido! Trêmula
abriu o portão e mal conseguia acreditar no que via. As roseiras estavam empencadas
de rosas apesar da secura da terra. Naquele dia, ela não precisou retornar para
buscar os enfeites e nem comprar flores na floricultura. O próprio céu lhe deu
as rosas de presente! Cheia de contentamento e certa de ter sido agraciada por
Deus, Dona Sinhá pode enfeitar a imagem com as rosas mais lindas e perfumadas
que, misteriosamente, floriram em seu jardim. Deus sabe o que faz!
Foto: Arquivo pessoal
Que lindo conto!
ResponderExcluirComo D. Sinhá, deveríamos ter a mesma fé... sua fé em Deus e sua disposição, mesmo dolorida, eram enormes e mereceram as graças de Deus...