Os amores de Apolo

 

De todos os deuses da mitologia grega, Apolo, talvez, fosse o mais bonito. Sempre jovem viril e portador de grande luminosidade. Por isso, foi conhecido como deus do dia em oposição à Ártemis, sua irmã, a deusa da lua também conhecida como Diana na versão romana do mito.

Além de sua extrema habilidade para com a flecha Apolo era considerado o deus da música. Em termos atuais seria o homem perfeito para povoar os sonhos de qualquer cinderela!  Além da beleza, jovialidade e sensibilidade artística sabia, como ninguém, manejar sua flecha. Desde os tempos mais antigos a flecha era considerada um símbolo fálico. Atualmente, foi trocada pela espada. “Ser espada”, no jargão popular significa ser macho de verdade. É bom lembrar-se, no entanto, que estamos na era das “fake news”. Por causa disso, muitos afirmam o contraditório de forma humorada, com expressões do tipo:  “essa Coca é Fanta”...

Apesar de tanta beleza e formosura a vida amorosa de Apolo foi uma verdadeira tragédia. Dentre seus inúmeros romances falarei de três para provar minha afirmação:

Certa vez, Apolo apaixonou-se por Dafne, a ninfa das montanhas. Esse romance foi profundamente marcado por tapas e beijos, na verdade, mais tapas do que beijos. Dafne, apesar de muito linda havia jurado  morrer solteira. Mas, a insistência de Apolo foi tanta, que ela acabou preferindo ser transformada numa árvore de louro a ter que suportá-lo. Preferiu ser tempero de cozinha a aturar a companhia de Apolo, a quem considerava chato e pegajoso. Consumado o fato nada restou à beldade a não ser chorar à noite interira abraçado à árvore perfumada...

Em outra ocasião Apolo apaixonou-se por Cassandra, filha de Príamo, Rei de Tróia. No começo tudo era festa e ela até recebeu dele o dom de adivinhar o futuro. Ambos brincavam o dia todo adivinhando o futuro dos homens, que naquele tempo ainda  tinham futuro. Com o passar do tempo tudo azedou e Apolo não conseguindo tomar o presente de volta transformou o dom de Cassandra numa espécie de maldição. Embora suas profecias se cumprissem ninguém mais acreditava nelas até porque ninguém gosta de saber um futuro de desgraças para si.  Cassandra tornou-se amarga e, ouvi-la, era pior do que ouvir Acauã cantando em noite de lua ou encontrar-se com gato preto em sexta-feira treze...

Certa feita Apolo apaixonou-se por Corônis, uma princesa Italiana que só se vestia  rosa, ops!, essas coisas já existiam naquele tempo.  Com ela chegou a ter um filho de nome Asclépio, o deus da medicina, cujo nome romano era tão feio quanto o grego: Esculápio! Imagine você com um nome desses! Após o nascimento do filho, Corônis acabou assassinada por Ártemis. Ela não se conformou com a “peruca de touro” que Corônis ofertou ao seu irmão.

Eu escrevi essa ladainha toda para afirmar que nem sempre a beleza é garantia de sucesso na vida amorosa. Conheço casos em que o cara parece estar virado pelo avesso mas anda carregado de mulheres e pretendentes. Não sei se é mel nas partes ou algum tipo de feitiço que o cara possui. O caso de Apolo ilustra minha afirmação. Era um verdadeiro “deus grego” e, no entanto, desastrado no amor. Muitas vezes  foi jogado no lixo pelas mulheres, com flecha e tudo! O meu texto, no entanto, não quer ser uma canonização da feiura, mas, nunca é demais repetir o antigo bordão: Beleza não põe a mesa! Cartão de crédito sim! Se o ditado não é bem assim, não importa. O que importa é saber que no oceano do amor os feios também navegam. E como navegam!!!

Imagem de Adrian Balea por Pixabay