Pão de queijo

 

Sonhei, certa vez, que estava comendo um enorme pão de queijo. No sonho ele estava quentinho e até transferia calor para meu nariz. A tentação de comê-lo era mais forte que a tentação de Eva no paraíso. Afinal, de que vale uma maçã (se é que a fruta do pecado era maçã) diante de um pãozinho de queijo, recentemente, saído do forno?  Se o pão de queijo não fosse um privilégio dos mineiros seu nome, provavelmente, estaria na lista dos pecados capitais: “Não cometerás nenhum excesso diante do pão de queijo”...; se a serpente da estória tivesse um pouquinho de mineiridade nas veias, em vez de fruta teria oferecido um pão de queijo para Eva; se ainda assim ela resistisse, aposto que cairia, facilmente, se junto com o pão de queijo fosse oferecido uma xícara de café com leite.  Quem poderia resistir a essa junção de Minas com São Paulo?  

Dizem que o sono é formado por cinco estágios, que somados duram cerca de uma hora. Mas, apenas parte desse tempo está reservada aos sonhos. No entanto, ainda não conseguiram explicar porque muitas pessoas sonham acordadas o tempo todo. Dizem ainda, que durante o sono perdemos, gradativamente, os sentidos começando pela visão, paladar, olfato, audição e tato. Com o devido respeito às afirmações da ciência, discordo um pouco delas, Em se tratando de pão de queijo, mesmo na fase REM (Rápid eyes momement – movimentos oculares rápidos) que é a fase dos sonhos, ainda consigo cheirar, sentir e degustar. Se, nessa fase eu sonhasse com comida, é provável eu sonhasse com pães de queijo voadores ou que estivesse numa guerra de pães de queijo. A glória, nesse caso, seria perder a guerra. Imagine você e sua família sendo bombardeados por pães de queijo durante três dias ininterruptos!  Na hipótese de uma derrocada, Dona Áurea – ela faz pão de queijo como ninguém, teria muito trabalho! Junto ao Leopoldo, seu marido, teria que coar mil litros de café amargo para socorrer os vencidos...

Estou pensando, seriamente, em criar um projeto para mudar a Bandeira do Estado de Minas Gerais. Em vez daquele triangulo, sem graça, que nada nos diz pintaria um enorme pão de queijo acompanhado de uma xícara de café com leite.  Ao ver a bandeira o país inteiro se curvaria diante dela, afinal, como não respeitar uma imagem assim? Olhar a bandeira seria derramar rios de saliva, até porque o pão de queijo poderia vir recheado com mussarela. Com a bandeira na mão, o governo de Minas, conseguiria qualquer coisa em Brasília. Se na Bíblia Esaú trocou a primogenitura por um prato de lentilhas (Gên 25, 29-34), o que não faria alguém diante do pão de queijo de Minas? 

Não sei se o leitor entende tanta apologia, mas, se ele gosta do pão de queijo tanto quanto eu, provavelmente, concordará com meu projeto de mudança da bandeira do estado. Então, vamos amadurecer a ideia.  Por enquanto, prefiro não trocar a realidade pelos sonhos. Por isso, vou agora mesmo fazer o meu pão de queijo. Aceita?

Imagem de marcioshaffer por Pixabay