Alimentado pelos corvos

Talvez, nenhum profeta bíblico tenha sofrido tanta perseguição quanto Elias. Ele viveu no tempo da monarquia no Séc IX a. C, com a qual se i...



Talvez, nenhum profeta bíblico tenha sofrido tanta perseguição quanto Elias. Ele viveu no tempo da monarquia no Séc IX a. C, com a qual se indispôs muitas vezes.  Suas críticas ao Rei Acab giravam, principalmente, em torno da idolatria do soberano. Arrastado pela mulher Jesabel, Acab traiu o ideal religioso do seu povo, ou seja, o monoteísmo trocando Deus por Baal, ídolo da fertilidade, do povo cananeu. Apesar de ser o “deus” da fertilidade, uma espécie de “manda-chuva” o povo de Israel padeceu um duro tempo de seca. Isso serviu para mostrar que o sistema de crenças do rei e de sua mulher não ajudava em nada. Os pecados do rei custaram-lhe muitos puxões de orelha por parte do profeta. Em 1 Rs 17, 1 – 6 encontramos a seguinte passagem a esse respeito:

Elias, que era de Tisbe, em Gileade, disse ao rei Acabe: “Tão certo como vive o Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu ordene!”. Então o Senhor disse a Elias: “Vá para o leste e esconda-se junto ao riacho de Querite, que fica a leste do rio Jordão. Beba água do riacho e coma o que os corvos lhe trouxerem, pois eu dei ordem para levarem alimento até você”.

Elias fez o que o Senhor ordenou e acampou junto ao riacho de Querite, a leste do Jordão. Os corvos lhe traziam pão e carne de manhã e à tarde, e ele bebia água do riacho. Depois de algum tempo, porém, o riacho secou, pois não caía chuva em parte alguma da terra.

Não deixa de ser curioso o jeito que Deus encontrou para cuidar do seu profeta. Através dos corvos o alimentou por um bom tempo, pois, quando Deus quer ele faz ainda que de maneiras não convencionais.

O corvo é, normalmente, considerado, ave de mau agouro. Mas, nem sempre foi assim. Em muitas culturas antigas ele representava força, espiritualidade, regeneração e era mensageiro de boas energias. Para os povos andinos a Condor, uma ave aparentada com os corvos, pelo estilo de vida e alimentação, representa a espiritualidade. Seu voo atinge grandes alturas, de tal maneira, que parece que ele sobe e desce do céu na hora que bem quer.

No épico indiano “Ramayana”, quem primeiro lutou, bravamente, para salvar Sita de um sequestro do “diabo” Ravana, foi Jatayu, uma águia poderosa. Apesar de seu esforço, ganhar a luta era impossível. Havana cortou uma de suas asas e, por isso, ele acabou morrendo, não sem antes, informar a Rama, o que aconteceu com sua amada. Jatayu, nesse caso, lutou em favor do bem, tentando evitar que a alma humana fosse, simplesmente, arrastada pelo demônio.  

Em algumas regiões do Peru acontece, em meados de julho, uma festa tradicional que remonta aos Povos Incas. Trata-se da Festa de Yawar, ou “Festa do Sangue”. Durante a festa o condor é amarrado ao lombo de um touro. Quando mais ele bica o lombo do animal mais ele pula assustado. Ao final, a ave é solta e novamente adquire grandes alturas. Há quem veja nessa festa uma critica à ganância dos colonizadores da região. Como se sabe a tourada é uma festa tipicamente espanhola. Com esses procedimentos os indígenas, representados pelo condor, queriam que os espanhóis fossem mais espiritualizados e menos materialistas.

A Bíblia é um livro muito rico de relatos e tradições. Por isso, vale a pena prestar atenção em tudo. Às vezes, num pequeno detalhe do texto podemos extrair grandes ensinamentos. No relato analisado a simples figura de um corvo acaba nos revelando muitas informações sobre as culturas antigas e sobre o cuidado que Deus sempre dispensa àqueles que o servem.

Imagem de jmarti20 por Pixabay

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