Colo de Mãe
O mês de maio é, para muitos, um mês cheio de encantamentos. Desde abril a gente começa sentir o clima gostoso de maio. É mês das noivas, ...

O mês de maio é, para muitos, um mês cheio de encantamentos.
Desde abril a gente começa sentir o clima gostoso de maio. É mês das noivas,
das mães, das coroações e do frio. As manhãs de maio são diferentes de todas as
outras e as tardes não ardem, como dizia a poeta. Maio povoa-me de lembranças;
algumas boas, outras nem tanto, mas, todas trazem meu passado de volta. Atualiza
em mim o frio matinal que já senti estradas poeirentas que andei, e as brancas
flores do campo que, ao mesmo tempo, margeavam os trilhos e perfumavam as auroras.
Sempre fui de levantar cedo e, por causa disso, o dia me antecipa suas
novidades. Quem se levanta cedo vê as flores primeiro. Existem plantas que só
florescem nas madrugadas. Temem que o sol as encontrem deitadas; outras,
somente florecem em maio. São frágeis e delicadas como a flor de mandacaru. A
flor de seda também é assim: frágil e suave. Parece morta o ano inteiro, mas,
em maio ela presenteia-nos com uma beleza singular.
Maio é místico. A gente pesca isso no ar. A manhã é sorrateira
de encantos e o sol, desmaiado, antecipa nas tardes, o nascimento das noites. É
o mês das mães. De mãe, a gente conhece até o cheiro! Cheiro de mãe é perfume raro que ninguém
consegue imitar. Em maio as mães perfumam o tempo e despertam nosso gosto pela beleza.
Nesse oficio elas não perdem para nenhuma flor. Não existe um filho, por mais
duro que seja seu coração, que em maio, não se lembre da mãe. Durante nove meses, mãe e filho foi um corpo
só. Após o nascimento, o leite materno, qual sangue branco, põe o corpo do
filho de pé. É um corpo que se doa ao outro. O colo da mãe é o ninho quente que
nos abriga. Nossos sonhos se embalam no abraço que nos envolve. Abraço de mãe é
puro aconchego e ternura! O canto de ninar é o canto da sereia mais bela que orienta
nosso barco no oceano da vida.
Diante da criança, a mãe tem superpoderes. É vista como uma
fortaleza. É torre que serve de guia, ainda que dela nos afastemos na juventude.
Mãe é especialista em esperança. Esperando a volta do filho esquece até de si
mesma. Se mil vidas tivessem, mil vezes morreria pelo filho. Mas, mãe não morre
nunca: Passa a viver na lembrança! E quando isso acontece, a gente volta a ser criança.
O nosso corpo reclama o outro corpo onde foi gerado e buscamos, nos objetos,
resgatar os seus vestígios. Um tronco, um copo, um cesto ou um tamborete podem
evocar sua presença. Faltando a mãe a gente fica sem preenchimento completo e
até a morte caminha carregando um saco de saudades. Mas, a terra também é mãe e
é bom não se esquecer disso. Em seu colo,
buscaremos o aquecimento necessário que nos levará aos braços da eternidade,
onde um Deus nos espera com rosto de ternura. E por que não dizer que este
rosto seja o mais belo rosto de mãe?