A Ilha de Calipso
Hoje vou comentar sobre o Evangelho de São Mateus (Mt 8, 23 – 27), mais precisamente, sobre a passagem que fala da barca, no mar, sob fort...

Hoje vou comentar sobre o Evangelho de São Mateus (Mt 8, 23 –
27), mais precisamente, sobre a passagem que fala da barca, no mar, sob forte
tempestade. Mas, permitam-me começar com uma bela história da mitologia grega.
Sou grande apreciador de mitologia e aprendo muita coisa com isso.
Quando Odisseu voltava da lendária Guerra de Tróia, após
passar dez anos longe de Ítaca, sua ilha e de sua esposa Penélope, ele teve que
enfrentar inúmeros desafios. O primeiro e o maior deles foi a fúria de
Posseidon, o deus do mar. É preciso lembrar que estamos há milênios de nossa
época, quando a compreensão dos homens, sobre a realidade, era bem diferente da
nossa. O mar, por exemplo, representava um grande perigo. Se até hoje ele costuma
engolir aviões e navios imaginem naquele tempo quando não havia os recursos que
temos! No embate com o mar Odisseu,
também chamado Ulisses, pelos romanos, perdeu seus companheiros de tripulação,
perdeu toda a carga do barco e, finalmente, perdeu o barco. Agarrado a um
pedaço do mastro que lhe restou ele acabou parando numa ilha desconhecida. Era
a Ilha de Calipso!
Calipso era dona de uma beleza extraordinária, como não
poderia ser diferente a uma deusa. Seu palácio, onde vivia em companhia de suas
servas, era cheio de encantos. Naquele local, qualquer um poderia passar
milhares de anos e cada dia teria algo mais bonito para ver. Sua ilha era
povoada de animais e árvores frutíferas; o clima era agradável e o alimento era
digno dos deuses! Em sua estadia na ilha Odisseu foi alimentado com ambrosia e
néctar!
Ao ver Odisseu, Calipso sentiu uma paixão à primeira vista.
Afinal, depois de cem anos sem ver nenhum homem, também não dava para exigir
muita coisa! E ela fez de tudo para manter Odisseu em seu palácio. Aliás, mesmo
se ele quisesse sair não poderia fazê-lo sem um barco. Além do mais, quem iria querer sair da companhia de uma
deusa que lhe oferecia cama, comida e roupa lavada? – Odisseu! Odisseu,
inteligente que era, desfrutou do que pode, mas, nunca esqueceu sua ilha, sua
mulher e seu filho. Graças à intervenção de Atena, sua “padroeira” ele
conseguiu sair. A pedido de Atena, Zeus enviou Hermes, o seu mensageiro,
dizendo que Calipso deveria libertar o herói. Sendo assim, ela ofereceu-lhe
madeira, mesmo à contragosto, para fazer um barco e sair da Ilha. De nada
adiantou lhe prometer imortalidade e divindade. Nada poderia impedir a viagem
do herói, de retorno ao seu lar!
Agora pretendo ligar a história ao Evangelho: Assim como
Odisseu, Jesus e os discípulos também estão enfrentando os perigos do mar.
Estão numa travessia! - "O real não
está no início nem no fim, ele se mostra pra gente é no meio da
travessia..." (1) A nossa vida, toda
é uma grande travessia e nessa travessia encontramos desafios e seduções. Às vezes, somos tentados
em permanecer acomodados em nossas tendas. Quando a pessoa está com muito
dinheiro, por exemplo, ela pode pensar
que o céu já seja aqui e desistir da
viagem. Mas, “navegar é preciso”! Isso aprendemos com Odisseu que não cedeu aos
encantos de Calipso. E olhe, que ela não lhe prometeu pouca coisa! Fosse um de nós,
talvez, por muito menos, teríamos desistido da travessia. Calipso não foi a
única tentação enfrentada por Odisseu. Ele teve que resistir também ao canto
das sereias. Mas, isso é assunto para um próximo texto (2). Hoje vou ficando
por aqui. Estamos numa travessia, e apesar das tentações não podemos nunca
desistir da viagem. Um dia, espero que demore, chegaremos do lado de lá...
1-
https://ggpadre.blogspot.com/2024/06/a-outra-margem.html
2-https://ggpadre.blogspot.com/2024/02/preso-ao-mastro.html
Imagem de Marcos MP por Pixabay
Maravilhosa reflexão sobre o evangelho fazendo nos atender melhor! Parabéns Padre Gabriel e que Deus nos livre das tentações!
ResponderExcluirO mais interessante nessa história é o amor que fez ele retornar para casa. Mesmo com tanto luxo, o lar é seu castelo
ResponderExcluirÉ preciso passar pelas tempestades da vida. Ninguém quer sofrer, mas nas provações nos fortalecemos para atingir a outra margem!
ResponderExcluirNossa o amor da esposa e do filho falou mais alto como é bom estás reflexão amo Deus abençoe sempre o senhor
ResponderExcluirBoa conexão!!!As ilusões da vida se maqueiam de prazer, beleza e falsa infinitude! Estar na Barca, desafiar a Travessia conservando valores de Eternidade nos fazem manter o olhar para a Outra Margem e perseverarmos nesta navegação ! Obrigado Pe Gabriel e que Jesus seja sempre nosso Timoneiro!!!
ResponderExcluirNinguém quer sofrer, mas é no sofrimento que a nossa fé é colocada a prova.
ResponderExcluirTerminando a leitura logo me veio a mensagem do evangelho da porta larga e
ResponderExcluirda porta estreita.
A porta larga é tudo que facilitaria a uma vida prazerosa e de enganações, e a porta estreita uma vida comprometida com valores reais e nunca de vida mudana, afinal nosso objetivo deveria ser a gloria da vida eterna.
Se estamos aqui apenas de passagem, deveriamos procurar ser merecedores deste fim, escolhendo a porta estreita, mas é inegável os atrativos dessa vida.
Gosto da interligação da mensagem do evangelho com a mitologia grega, fica bem interessante. Parabéns.
Muito enriquecedor a reflexão . Nos faz repensar nossa caminhada e valorizar o que de fato vale a pena . O mundo é muito sedutor e depende de nós mesmos as escolhas corretas. Parabéns 🙏
ResponderExcluirEstá travessia é difícil , encontramos tudo pela frente, desafios mesmo, encontramos perigos mas encontramos algo que nos encanta ( canto da sereia)e na nossa fraqueza e falta de fé nós preferimos nos encantar com aquilo que não é de Deus.Como escorregamos de Deus! E Ele tão misericordioso nos busca sempre e quer nos ter ao seu lado.
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