Com que você está gastando sua vida?

 

O Evangelho de hoje é um tapa na cara de muita gente. Ele fala de renúncia de si mesmo, de tomar a cruz e seguir a Jesus (Mt16, 24 – 28). Como encarar tais exigências num mundo que afirma tudo ao contrário? O mundo valoriza quem se dá bem na vida, ganha muito dinheiro e faz sucesso. As palavras “cruz” e “renúncia” costumam não entrar nos dicionários daqueles que dão receitas de sucesso. Enquanto isso, Jesus afirma com todas as letras: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga, pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.” Meu Deus! O que significa isso tudo?

Comecemos pelo sentido de “perder a vida”. Vou trocar o “perder” por “gastar” para facilitar a nossa compreensão. Nesse caso, estamos no mesmo barco, pois todos “gastamos” a vida à medida que nos envelhecemos. Então, lhe pergunto: Você está gastando a sua vida com o quê? Às vezes, com coisa à toa, que não contribui com o seu crescimento humano e espiritual! Vejo muita gente “gastando vela com defunto ruim...” Aquilo com o que você está gastando sua vida compensa?  

Para muita gente o importante é ganhar dinheiro e ficar rico, custe o que custar. Alguns fazem de tudo para subir, mas, acabam descendo. Lembram-se da música chamada “Conceição”, de Cauby Peixoto? Ela vivia no morro a sonhar com coisas que o morro não tinha... Foi iludida por alguém e desceu o morro sem subir na vida. Hoje daria um milhão para ser a simples Conceição que sempre fora... Você conhece alguma Conceição por aí?

Será que alguém se engana ao ponto de chegar ao final da vida com a triste conclusão que viveu tudo errado. Sim! Eu já ouvi isso, de pessoas que me disseram, exatamente, isso, ao final da vida. E o pior é que não dava para voltar atrás e concertar tudo. Viver é como pular de para quedas, ou se acerta ou não tem segunda chance. Por isso, é bom se perguntar: Estou gastando minha vida com as coisas certas? Ainda há tempo de mudar. Um dia poderá ser tarde demais.

Outra palavrinha detestável, atualmente, é a palavra “renúncia”. Desde cedo a criança tem todos os apetites saciados. Com, apenas, cinco anos já carrega Smartphone de última geração sem a menor necessidade disso. Os pais alegam que não aguentaram a “pressão” da criança. Nenhum desejo dela pode ser contrariado, mesmo que os pais fiquem endividados para atender aos seus caprichos.

Cristo não nos pede uma renúncia em troca de nada. É uma renúncia por causa dele e para segui-lo. O seguimento exige despojamento. Aliás, a vida pede despojamento. Nascemos sem a roupa do corpo e seremos sepultados sem nada. Mas, a sociedade consumista faz a gente adquirir muita “tranqueira” como se fosse artigo de primeira necessidade. A vida é simples e dispensa excessos. Os excessos costumam ser exigência social. Se você veste uma blusa simples ou de grife isso para a vida não faz diferença. A diferença é apenas social, por isso, alguns se matam pelas aparências.  Se a sociedade valoriza quem é jovem o sessentão fará demonização, ops! Digo harmonização facial para se parecer mais jovem. E aí fica aquela coisa esquisita com cara de mamão macho. Credo!

Renunciar a si mesmo é afastar-se de tudo aquilo que impede nossa caminhada para Deus. Pode ser o sitio, o barzinho, o esporte e tantas outras coisas. Veja bem, tudo isso é bom. Não é pecado gostar do sítio ou do cinema, mas, nada disso deve ocupar o primeiro lugar em nossas vidas.

Para terminar vou comentar a expressão: “tomar a sua cruz e seguir Jesus”. A cruz é a experiência mais universal do ser humano. Quem ainda não passou por ela vai acabar passando. São as dificuldades da vida: As perdas, as limitações, os desafios, as incompreensões e tantas outras coisas. A diferença está na companhia. Uma coisa é enfrentar a cruz só, outra coisa é caminhar com Cristo. Sua companhia torna o nosso sofrimento mais suave. A cruz de Cristo tornou mais leve as nossas cruzes. É mais fácil sofrer dividindo com ele o nosso sofrimento do que sofrer amaldiçoando a vida.  Pense nisso!

Imagem de bridgesward por Pixabay