A busca dos Magos
Na solenidade da Epifania do Senhor, o Evangelho mostra-nos a figura dos magos (Mt 2, 1- 12): “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, n...
Na
solenidade da Epifania do Senhor, o Evangelho mostra-nos a figura dos magos (Mt
2, 1- 12):
“Tendo nascido Jesus na cidade de Belém,
na Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a
Jerusalém, perguntando: Onde está o rei dos Judeus que acaba ne nascer? Nós
vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”.
Muitas
perguntas já se fizeram sobre a identidade desses “magos” e, sobre eles, já se falaram
de tudo. Mas, não é sobre essa questão que quero refletir no texto de hoje.
Independentemente de qualquer interpretação, penso, que eles eram pessoas
importantes no tempo em que viveram. Talvez, tivessem palácios, negócios relevantes,
festas e tantas outras coisas para ocupar lhes as mentes e os corações. No entanto,
deixaram tudo e puseram-se a caminho na busca do que lhes parecia mais
essencial. Por causa dessa busca, abandonaram todos “os prazeres inferiores”
(1) pois “aquele que, verdadeiramente,
ama não pode encontrar gosto senão naquele a quem ama...”
São
Paulo, Apóstolo, após descobrir Cristo passou a considerar todo o resto como
lixo (Fl 3, 8) e a esposa sagrada do Cântico dos Cânticos dizia: O meu amado é meu e eu sou dele.... (Ct
2, 16). Por imaginar que perdera o seu amado, Madalena, banhada em lágrimas,
não se contentava com outras consolações. Ao ver aquele que parecia ser o jardineiro
afirmou entre soluços: Roubaram o meu
Senhor e não sei para onde o levaram... Madalena, no seu caminho, não “colheu
as flores e nem temeu as feras...” Só conseguia pensar no seu senhor e para
mais nada teve olhos. Essa realidade de
dor, na alma que busca por Deus, foi bem retratada, por São João da Cruz em seu
Cântico Espiritual:
Pastores se subirdes,
além pelas malhadas ao outeiro,
se porventura virdes
aquele a quem mais quero,
dizei-lhe que agonizo enquanto espero.
Buscando meus amores,
irei por esses montes e ribeiras;
não colherei as flores
nem temerei as feras,
e passarei os fortes e as fronteiras.
Ó bosques e espessuras
plantadas pelas mãos de meu Amado!
Ó prado de verduras,
de flores esmaltado,
dizei-me se passou por esse lado!
Penso,
que foi por causa desse “louco amor” que os Magos deixaram tudo e, seguindo uma
estrela, foram em busca daquele que poderia preencher de sentido as suas vidas.
Como era de se esperar eles foram primeiro à capital. Nada mais justo que um
grande rei pudesse nascer num berço de ouro no interior de um palácio luxuoso e
fosse servido por muitas mãos. Pobres Magos! Nesse ponto se equivocaram! Mal
chegaram a Jerusalém e a estrela desapareceu de suas vistas. Talvez, porque em Jerusalém
já tivessem estrelas demais! Bem que eles poderiam ficar por ali. Certamente,
haveria muita coisa bonita para que pudessem contemplar. A vida palaciana tem
seus encantos, suas festas com fartas comidas e regadas de boas bebidas... Mas,
os Magos também não quiseram “colher as flores e nem temias as feras”. Por isso
retomam a estrada. Saindo de Jerusalém a estrela voltou a indicar-lhes o caminho,
até que parou, finalmente, diante de um ranchinho pobre cercado de animais. Ali
a estrela se apagou. Os Magos já não precisavam mais dela. A estrela de verdade,
resplandecia nas faces rosadas de um recém-nascido, deitado sobre as palhas
secas. Diante dele os Magos se curvaram
em longa adoração e só depois lhe entregaram os seus presentes: Ouro, incenso e
mirra!
Diante
daquele pobre ranchinho, os magos encontraram tudo o que buscavam. Puderam contemplar
a face de Deus. Esse deveria ser o nosso maior objetivo: Buscar a face de Deus!
(Sl 26, 8; 104,4). Eles não esperavam encontrar o novo rei, o Senhor dos
senhores, deitado sobre palhas! Depois desse encontro, transformador, o
Evangelho afirma que eles retornaram às suas casas por outro caminho. É impossível
andar nos mesmos caminhos depois de encontrar-se, verdadeiramente com Deus!
1-
SALES, São
Francisco de, Tratado do Amor de Deus, 2ª edição, São Caetano do Sul, SP –
Santa Cruz Editora e Livraria, 2022. Sobre o amor complacente e o amor
benevolente, item 07 - Abandono dos prazeres inferiores.
Imagem de sebastiano iervolino por Pixabay
Linda reflexão. Realmente, quando encontramos o menino Deus, nossa vida muda de rumo
ResponderExcluir"A idade deve servir para aumentar a sabedoria." É o que eu sinto que acontece comigo. Graças a Deus me sinto mais maduro para entender várias questões cotidianas. Principalmente na família, trabalho e religião.
ResponderExcluirÓtima reflexão padre Geraldo. Nos dias de hoje o Natal está passando desapercebido. As coisas materiais estão cada dia ocupando as datas religiosas. As pessoas precisam desapegar das coisas materiais e se aproximar mais de Deus.
ResponderExcluirNota dez .... reflexão que nos leva a uma profundidade gigante da época de Cristo.... Com este texto , a gente recarrega as baterias para o nosso caminho até Jesus....
ResponderExcluirNosso objetivo deve ser buscar a face de Deus. Que o Espírito Santo nos dê sabedoria para isso 🙏
ResponderExcluir