Em atenção à sua palavra...

 

Existe uma expressão muito popular, entre nós e é com ela que começo o meu texto de hoje: “Quando o navio afunda, os ratos são os primeiros a abandonar o barco”. Essa realidade é muito conhecida quando alguém famoso cai numa desgraça. Aqueles que, antes, o bajulavam vão saindo todos, de fininho, ou seja, abandonando o barco... Na verdade, esses não eram amigos e, talvez, nem chegassem a ratos. Amigo costuma ser fiel nas horas boas e ruins.

Já aconteceu que na hora do naufrágio o primeiro que abandonou o barco foi o próprio capitão. Lembra-se do Navio chamado “Costa Concórdia” que naufragou em 2012 na costa Italiana?  Consta que o capitão foi um dos primeiros a abandoná-lo. Na ocasião, morreram mais de trinta pessoas e ele acabou sendo preso. Mas, não é sobre navios e naufrágios que pretendo falar no texto de hoje. Falarei sobre o Evangelho, mais precisamente, sobre a passagem de São Lucas (Lc 5, 1 – 11).

Jesus estava pregando para uma grande multidão. Vendo duas barcas pediu para entrar numa delas que era a de Pedro. Naquele momento, os pescadores lavavam as redes. O texto não diz sobre a hora desse acontecimento, mas, penso que deveria ser de manhã, pois, os pescadores costumavam virar as noites pescando. Apenas afirma  que, naquela hora, lavavam as redes. Portanto, estavam se preparando para irem embora. O texto também não fala das frustrações de quem trabalhou a noite toda e nada pescou. A pescaria para eles não era uma questão de lazer pois dependiam da pesca para pagarem suas contas. Esse sentimento de frustração, certamente, não passou despercebido a Jesus. Talvez, por isso, pediu para entrar na barca de Pedro.  Fez o contrário dos ratos. Nas horas difíceis eles pulam fora, mas, na hora mais difícil para os pescadores Jesus subiu ao barco deles. Depois de certo tempo pediu a Pedro que avançasse com o barco para águas mais profundas. Ato contínuo, pediu-lhe também que estendesse as redes. Gostaria de saber o que teria passado na cabeça de Pedro naquele momento. Afinal, ele era pescador profissional e como tal, sabia que, naquele dia, o mar não estava para peixes. Além disso, estava cansado e com fome. Provavelmente, estivesse louco para chegar a casa e dormir um pouco para retomar o trabalho na noite seguinte. Aqui, no entanto, vemos a beleza do comportamento de Pedro: - Mestre, nós trabalhamos a noite toda e nada pescamos, mas, em atenção à sua palavra vou lançar as redes...

Após lançar, novamente as redes, o que se viu foi surpreendente: Nunca apanharam tantos peixes! Tiveram que pedir auxilio aos companheiros da outra barca para puxarem as redes. Pedro então disse: Senhor afasta-te de mim, pois sou um homem pecador! Aqui, podemos perceber toda a simplicidade e pureza de Pedro. Mas, num ponto ele estava enganado. Jesus sabia que ele era pecador. Além de não se afastar dele ainda o chamou para seu colaborador, afinal, ele veio para os pecadores, pois não são os sãos que precisam de médicos!

Quando se está fazendo sucesso e se dando bem na vida, não é difícil arranjar companheiros. Todos querem um lugar no barco dos bem-sucedidos. Mas, no barco dos fracassados poucos querem entrar, com exceção de um: Cristo! Ele veio para os pobres, cativos, cegos, coxos, ou seja, para aqueles que estão à margem desse sucesso que o mundo valoriza tanto.

Nas horas difíceis de sua vida você convidou Jesus para o seu barco ou ficou sozinho dando murros em pontas de facas? Sabia que mesmo sendo pecador Deus não deixa de gostar de você? Quantas vezes você lançou as redes e nada apanhou? Pescar sozinho não tem graça, mas pescar com Cristo é pura graça!

Depois de tudo isso que falei gostaria que você se lembrasse de apenas de uma coisa: Jesus não tem medo de subir no barco dos fracassados. E você? Nas horas de desafio você ajuda a somar ou torce pelo naufrágio da embarcação?

Imagem de Egor Shitikov por Pixabay