O bom humor do Cura D’Ars

 

Muitos pensam que os santos são pessoas carrancudas e sem bom humor. Mas, isso não confere, pelo menos, para alguns deles, como Dom Bosco, e Vianney. É disso que falaremos agora.

São João Maria Vianney era avesso à tudo o que lhe parecesse autopromoção. Em vida, nunca permitiu que lhe fotografasse, mesmo quando já tinha fama de santo. Apesar disso, alguns tentaram esculpir sua imagem ou mesmo retratá-lo de alguma forma. Certa vez, passando diante de um comércio, viu um retrato seu na vitrine. Perguntou ao dono do comércio pelo preço da foto. – Cinco francos, ele disse. - Meu Deus, disse o santo. O senhor não irá vendê-la nunca. Eu não valho tudo isso....

Noutra ocasião recebeu a visita de uma senhora rica que ficou decepcionada ao encontrar-se com ele pois, pensava que ele tivesse “mais figura”.  – Eu vim de tão longe para ver isso, disse a madame. Escutando a conversa o santo lhe disse: - Pois é, minha senhora, a rainha de sabá veio de longe e ficou espantada ao ver a beleza e a sabedoria de Salomão. Com a senhora aconteceu o contrário. Vejo que está espantada ao ver a minha miséria. E olhe, que a senhora nem viu tudo...

Certa vez, ao ver que uma madame custava a entrar na igreja por causa de uma saia balão ele pronunciou: - O imperador tem feito muita coisa boa, mas, esqueceu-se de fazer uma muito importante: - Alargar as portas das igrejas para que pudessem passar as “crinolinas” (saias com armação).

Noutra oportunidade lhe disse uma religiosa com muita simplicidade: Geralmente, meu padre, consideram, por ai, que vossa reverendíssima é um ignorante. Ao ouvi-la, o santo respondeu-lhe: Pois é, minha filha. É isso mesmo. Eu ainda poderia lhe dizer algo mais do que se sabe sobre a minha ignorância....

Ao voltar de uma viagem o Irmão Atanásio parecia muito cansado e reclamava: Meu cavalo tropeçou e caiu num buraco. Pe. Vianney lhe disse: Nesses casos, meu irmão precisamos fazer como Santo Antônio. O irmão cheio de curiosidade lhe perguntou: Mas, com fazia Santo Antônio? – Andava sempre a pé!

Outra vez, afirmou à Senhora Garets: - Uma das minhas irmãs pediu-me uma relíquia. - Converta a senhora mesma na tal, foi o que lhe respondi.

Ao receber um livro de estudos complicado, um garoto de seis anos pensou consigo: Vou perguntar ao padre se eu devo estudar ou jogar bola. Dito e feito. Assim que viu Padre Vianney lhe perguntou: Padre eu devo estudar o silabário ou jogar bola? Para desespero da mãe, o padre lhe respondeu, de imediato: - Joga, meu filho, pois isso é próprio de sua idade!

Certo dia, alguém o interpelou, com falta de educação, no meio da multidão. Pe. Vianney lhe perguntou: - Quem é o senhor, meu amigo? Ele disse: - Eu sou protestante. Então, o padre lhe respondeu: - O senhor é pobre mesmo meu amigo. Os protestantes nem sequer possuem santos cujos nomes possam dar aos filhos. Veem-se obrigados a pedir nomes emprestados à Igreja Católica. O senhor é bem pobre mesmo!

Quando completou 58 anos, Pe. Vianney contraiu uma grave pneumonia e teve que ser encaminhado aos médicos a contragosto. Estando acamado alguém lhe perguntou se ele estava bem e ele respondeu sorrindo: Sustento nesse momento um grande combate contra quatro médicos. Se chegar um quinto eu estou morto...

São João Maria Vianney era grande devoto do Santíssimo Sacramento. Às vezes, demorava mais que o normal com a hóstia nas mãos durante as missas. Um dia, demorando um pouco mais nesse instante, chamou a atenção de um homem que lhe perguntou em seguida pela razão de tal demora. Ele lhe disse: - Naquele momento, ocorreu-me uma ideia feliz. Dizia a Nosso Senhor: Se soubesse que hei de ter a desgraça de não ver vos na eternidade, posto que agora vos tenha nas mãos, não vos largaria mais...

Obs: As citações acima, foram tiradas da seguinte obra:

TROCHU, Francis Cônego. O Cura D’Ars. São João Maria Vianney. Petrópolis, RJ. Vozes, 1960. II edição. Obra premiada pela Academia Francesa.