Inquietação dos Magos

Quando me propus a escrever esse texto, pretendia falar sobre a inquietação do Rei Herodes. Mas, para não focalizar o ponto negativo do...


Quando me propus a escrever esse texto, pretendia falar sobre a inquietação do Rei Herodes. Mas, para não focalizar o ponto negativo do relato acabei invertendo o título. O texto bíblico que me inspira foi tirado de S. Mateus (Mt 2,1-12).  Ele fala sobre a visita dos “Reis” Magos ao Menino Jesus.

As cenas e o cenário sobre os quais o relato acontece são, de fato, impressionantes!   Mateus diz que os Magos vieram do oriente, guiados pelo brilho de uma estrela. No meio de um milhão de estrelas que enfeitam o céu, os Magos consideraram apenas uma, cujo brilho se destacava. “Com-sidera” quer dizer estar com as estrelas! Ao que parece, os Magos eram grandes sonhadores. Sonhador não é quem vive com a cabeça no mundo da lua, mas, aquele que, sem dispensar os esforços da busca, são capazes de perseguir grandes ideais.  São José também era um sonhador e foi através de seus sonhos que Deus lhe falou muitas vezes. Por causa dos sonhos,  José pôs o pé na estrada fugindo com a Sagrada Família para o Egito.

Ao saber do nascimento do “rei dos judeus”, Herodes também ficou inquieto. Juntou, rapidamente, os sábios da corte para tomar pé da situação. Herodes representa o poder, que sabe planejar e arquitetar projetos de morte.  Sentindo-se traído pelos Magos não pensou duas vezes e decidiu promover uma “carnificina”. Os inocentes pagaram o pato pela falta de juízo do governante. Ele também “queria” ver o menino embora fosse incapaz de ver a estrela. Talvez, tivesse poder de sobra e sabedoria de menos. Para ele o céu estava escuro e sem brilho. Aliás, ele, certamente, andava ocupado demais para olhar pro céu.

A estrela de Belém representa a sabedoria que é o princípio de toda busca. Os Magos se deixaram  guiar pela sabedoria e encontraram a revelação divina na sagrada escritura.  Após essa experiência da revelação podem ver novamente a estrela, ainda mais radiante. Para completar a caminhada dos Magos, a revelação veio ao encontro da sabedoria. Por isso, puderam contemplar o “rosto humano de Deus e o rosto divino do homem”.   Depois desse encontro transformador retornaram para suas casas seguindo outro caminho. Nunca mais foram os mesmos!
Para terminar esse texto devo confessar que também faço parte de uma grande caravana que, após dois mil anos, também pretende chegar a Belém. Essa viagem é longa. Faz muitos anos que estou caminhando. Às vezes, vejo a estrela, mas de vez em quando, ela some.  Já andei sob  luz e neblina.  Nem sempre é fácil caminhar e “viver é muito perigoso”.  É o objetivo da busca que me sustenta na “travessia”. Nessa longa jornada acho que falta mais um. Quem sabe não é você?

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