Pai, perdoa-lhes

Pai, perdoa-lhes A primeira palavra de Cristo na cruz foi um pedido de perdão. Esse perdão não foi dado num momento de festa, ou depois ...

Pai, perdoa-lhes A primeira palavra de Cristo na cruz foi um pedido de perdão. Esse perdão não foi dado num momento de festa, ou depois que sua ferida havia sido cicatrizada. Ele estava em profunda agonia vitimado pelo ódio do mundo. Suspenso na cruz sentia doer-lhe todos os músculos. A dor somava-se à humilhação pública, pois a cruz era o castigo dado aos piores condenados. Era a morte infame e sem direito à sepultura! O sol das três horas da tarde, devia queimar-lhe as carnes e o suor com o sangue, turvar-lhe as vistas! Naquele instante, ele era uma chaga só! Se morresse, rapidamente, seria um grande alivio. Aos pés da cruz estava a mãe e poucos amigos. Nem mesmo os discípulos queriam presenciar o horrendo espetáculo! Alguns soldados, indiferentes, brincavam, fazendo joguinhos aos pés da cruz. Outros riam e debochavam do condenado. Debochava também o diabo, esperando que, na última hora, Jesus desistisse de seu projeto de amor, dando-lhe o ganho de causa.  Tudo parecia tão óbvio! Para quê morrer por gente tão miúda que nem ligava para Deus? Aquele povo ingrato merecia tanto sacrifício? Deus não pensa como nós. Ainda bem. A divindade “escondida” na face desfigurada de Cristo gritava de dor. Mas, gritava muito mais por sentimentos de amor. Isso fez com que, ele a muito custo, abrisse a boca e suplicasse pelo perdão dos que o matavam. Haveria justificativa para tal perdão? Quando nada justificava tamanha brutalidade, Jesus apelou para a ignorância humana. “Eles não sabem o que fazem”. Tudo bem, que não soubessem de sua divindade, mas, aquela crueldade não deveria ser aplicada à ninguém… Para nos perdoar Deus sempre encontra um jeito. E por mais difícil que seja o gesto de perdoar, devemos aprender isso com Deus, sob pena de não sermos considerados cristãos de verdade. O perdão parece não constar nos manuais das engrenagens que movimentamos. A lógica é essa: “Bateu, levou”. O correto parece não “levar desaforo para casa”. Se ganho um tapa devo devolver dois. Assim pago o primeiro e ainda ganho um lucrinho. Essa é a lógica de Lamec (Gn 4,23): aplicar um castigo desproporcional à ofensa! Cristo, no entanto, nos ensina o contrário. Se a vingança de Lamec valia 77 vezes à ofensa recebida, Cristo ensina a perdoar 70 vezes 7 (Mt 18,21)! Ao cristão parece imperativo ter de perdoar. O perdão divino está condicionado ao perdão que devemos dar ao próximo: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu”. Apesar dessa clareza toda, sabemos que não é fácil perdoar. Por isso, precisamos recorrer a Deus pedindo  tal graça. Sem perdão a convivência humana torna-se inviável e o homem torna-se o lobo do outro homem. Quem sabe perdoar torna-se grande, pois, vencer o outro, talvez, seja mais fácil que vencer a si mesmo e aos inúmeros sentimentos desordenados que remexem dentro de nós quando nos sentimos ofendidos por alguém…

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