Sínis

Certa vez, ao final de uma tarde calorenta de agosto, presenciei uma grande intriga entre duas meninas. O troféu disputado era uma bonec...

Certa vez, ao final de uma tarde calorenta de agosto, presenciei uma grande intriga entre duas meninas. O troféu disputado era uma boneca. A bem da verdade, uma bonequinha "mixuruca", dessas de plástico, com olhinhos pintados de azul. Uma das meninas puxava a boneca para um lado e outra puxava para o lado oposto. A boneca que não era gente, sofria horrores em sua natureza de "bonequice". O que não passava de um episódio infantil, acabou me provocando uma longa reflexão. Existem pessoas que se assemelham a boneca da disputa. Por motivos profissionais, acabam se colocando entre interesses opostos e sofrem horrores por causa disso. Imaginem a situação de um funcionário público contratado, em final de mandato político! Ele tem que agradar o chefe atual e já ficar de olho no futuro chefe. Se ele for fiel ao primeiro acaba traindo a confiança do segundo e vice-versa. É um jogo de placar difícil e arriscado. Em início de mandato bons funcionário são demitidos das funções apenas por terem sido fiéis ao líder do mandato anterior.

Da briga das bonecas meu pensamento foi parar na mitologia grega, para não perder o costume. O personagem encontrado dessa vez foi Sínis. Por isso falarei um pouco sobre ele. Sínis era um salteador de Corinto. Sua força era monstruosa, e sua maldade também. Conseguia inclinar duas grossas árvores segurando-as pelas extremidades. Amarrava os braços de seus inimigos, um em cada árvore e em seguida soltava as mesmas cada uma puxando a pessoa para um lado. Assim ele arrebentava seus inimigos da mesma maneira que as meninas acabaram fazendo com a boneca citada acima. A mitologia serve para ilustrar muitos casos atuais. Não são poucas as situações que nos colocam entre a cruz e a espada.

Para ilustrar com outro exemplo, gostaria de apontar a realidade das crianças em época de separação dos pais. Melhor que ninguém, elas se parecem com a boneca da estória e com as vítimas de Sínis. No ato da separação conjugal, parecem pensar em tudo, menos na situação das crianças. Criança não é tijolo. Se fosse seria fácil. Cada um ficaria com o seu. Mas, criança é pessoa. Tem o direito de escolher. Pode escolher inclusive ficar com o pai e a mãe. Essa escolha, no entanto, costuma não ser respeitada. Vejo muita gente arrastar por toda a vida o trauma da separação dos pais. Com esse texto não quero dizer que o casamento tenha que ser levado a ferro e fogo até o fim. Somente penso que as crianças devam ser levadas em consideração antes de uma decisão que também irá afetá-las.

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