Deus não dá asas às cobras

Imagem de  Marcel Langthim  por  Pixabay   Já tive medo de cobras voadoras. Em minha infância esse mito era muito presente. Eu ...


Imagem de Marcel Langthim por Pixabay 
Já tive medo de cobras voadoras. Em minha infância esse mito era muito presente. Eu ficava morrendo de medo. Arrastando-se pelo chão uma cobra já nos assusta, imagine voando pelos ares? Hoje, sabemos que não existem cobras voadoras. Algumas espécies podem planar e “voar” até cem metros desde que partam de lugares altos. Mas, decolar do chão não é um privilégio da espécie.   Ainda bem. Já pensou o terror que seria se fosse ao contrário?

Mas, não é sobre cobras que desejo falar nesse texto e sim sobre o Evangelho. O texto de hoje é tirado de São Lucas (Lc 18,35,43), e fala do encontro de Jesus com um cego nas proximidades de Jericó. E onde vai entrar a cobra voadora nisso tudo? Paciência, já já eu chego lá. O Evangelho nos diz que o cego, estava sentado à beira do caminho. O nome dele não aparece. Mas, quem iria se preocupar com um simples cego à margem da estrada? Uma pessoa vai se preocupar com ele: Jesus! Aliás, ele sempre se preocupou com os marginalizados. Mas, naquele burburinho todo, ninguém prestava muita atenção ao entorno. Muita gente, certamente, queria estar perto do mestre. Isso não mudou muito. A tietagem anda mais forte nos dias de hoje. O “papagaio de pirata” ainda existe e não perde uma oportunidade para ser fotografado no ombro de alguém famoso.

O cego sem nome era cego, mas não era bobo. Certamente, ouvira falar do Mestre de Nazaré. Ao saber que ele passaria por ali não perdeu tempo. Postou-se à beira da estrada e, de longe, gritava: - Filho de Davi tem piedade de mim!  A expressão “Filho de Davi,” parece, que não agradava muito a Jesus. Ela remetia a um poderoso do passado, ou seja, o Rei Davi, o mesmo que mandou matar Urias para ficar com a mulher dele, uma prática comum aos poderosos de todos os tempos. Mas, o grito vinha da margem e não do centro. Era o grito de um sofredor. E esse tipo de clamor chega mais rápido aos ouvidos de Deus. A turma do “cala a boca”, logo entrou em ação. Fique quieto no seu canto, prá quê incomodar o mestre? Essa turma não se chocava mais, com os miseráveis e, não se colocava no lugar deles. Perdeu toda a capacidade de ter misericórdia. Mas, o cego era insistente e gritava ainda mais alto: - Jesus, filho de Davi, tende Piedade de mim! Jesus é misericordioso. Coloca-se no lugar do outro. Por isso, ele para e manda chamar o cego. A essas alturas do episódio, outra turma, certamente, entrou em ação. São aqueles que animam os mais desamparados. Devem ter dito ao cego. Vamos, sô! Jesus ouviu sua súplica. Ele quer encontrar-se com você. Saia logo desse lugar!

Diante de Jesus o cego muda o jeito de tratá-lo. Não o chama mais de Filho de Davi e sim de “Senhor”: - Senhor, eu quero enxergar! Naquela mesma hora foi curado. Imaginem a primeira coisa que ele viu? – O rosto misericordioso de Jesus! Acho que depois de ter visto isso ele não precisaria ver mais nada. Não foi isso que disse o velho Simeão quando viu o menino Jesus?  - Agora eu posso descansar em paz. Meus olhos viram a salvação! Ô cego abençoado! Ele viu de repente, o que a gente espera uma vida para ver...

Mas, aquele cego não queria resolver apenas seu problema de saúde. Ele queria mais. Queria Deus! Por isso, o Evangelho nos diz que ele passou a seguir Jesus. Caso contrário, teria voltado para casa e cuidado de seus negócios. Mas, ele não foi apenas curado. Mudou completamente de vida. Saiu do lugar de marginalizado e colocou-se no seguimento do mestre. Nunca mais esqueceria os favores de Deus!

Muitas vezes, nós reclamamos de Deus. Dizemos que ele não nos atende e, parece não ouvir às nossas preces. Mas, o que será que andamos pedindo a Deus? Você pede para acertar na loteria? Para subir na vida? Para juntar dinheiro? Não sei. Mas, somos bem interesseiros no trato com Deus. É bom lembrar que Deus não dá asas às cobras!  Talvez, o que pedimos não irá contribuir com a nossa salvação e sim com nossa perdição. O cego ganhou a vista e a salvação. Ele não queria apenas ver. Nós, muitas vezes, só queremos os favores e Deus. Assim que obtidos, viramos as costas para Ele. Muito mais do que coisas e benefícios, devemos implorar pela amizade de Deus. Nesse caso, acho que devemos pedir, sobretudo, pela nossa santidade. O que você acha?


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  1. Penso que aí está a chave, queremos nos favorecer, mas Deus que sabe o que é melhor pra nós. Acontece que nosso egoísmo nos cega pra isso e se Deus não atende nosso desejo, nos sentimos traídos. Chega a ser vergonhoso. Mas como o Sr disse, Deus não dá asa à cobra kkkkk. Então é hora de agradecer mais, pedir menos e deixar Deus agir.

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  2. .."Muitas vezes, nós reclamamos de Deus. Dizemos que ele não nos atende e, parece não ouvir às nossas preces. Mas, o que será que andamos pedindo a Deus? "...

    Quando Deus não nos atende é porque está nos livrando de um mal.

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