A Via-Sacra

Via-Sacra é uma expressão latina que quer dizer: Caminho Sagrado. Já no Séc IV consta-se, que os romeiros visitavam Jerusalém para ver os lugares sagrados por onde Jesus havia pisado durante sua paixão. Segundo uma antiga tradição, após a morte e ressurreição de Jesus, sua mãe, percorria, diariamente, o trecho por onde ele passou em seus últimos momentos. Conhecendo um pouco o coração das mães não posso duvidar disso. Sei de um caso, em que a mãe visitou o cemitério, todos os dias, por anos seguidos, após seu filho ter sido morto num acidente de moto...

No Séc XIII, essa tradição foi retomada pelos franciscanos em Jerusalém. Eles colocaram algumas capelinhas e marcas de pedra na Via Dolorosa seguindo uma  ordem cronológica que é mais ou menos parecida com a atual. Com o passar do tempo, esses pontos da caminhada (estações), foram representados por quadros pintados indicando diversas situações vividas por Jesus durante sua caminhada rumo ao calvário. Assim, aqueles que não podiam visitar a Terra Santa poderia refletir a Via-Sacra a partir das cenas pintadas em quadros.

Desde o Séc XVIII, são contadas 14 estações da Via-Sacra. Elas representam situações vividas por Jesus no percurso que vai da casa onde Ele foi condenado, até o santo sepulcro, na seguinte ordem:

1, Jesus é condenado à morte;

2, Jesus leva a cruz aos ombros;

3, Jesus cai pela primeira vez;

4, Jesus encontra sua aflita mãe na rua do sofrimento;

5, Simão Cirineu ajuda Jesus a levar a cruz;

6. Verônica Limpa o rosto de Jesus;

7, Jesus cai pela segunda vez;

8, Jesus exorta as filhas de Jerusalém;

9, Jesus cai pela terceira vez;

10, Jesus é despojado de suas vestes;

11, Jesus é pregado na cruz;

12, Jesus morre na cruz;

13, Jesus é descido da cruz;

14, Jesus é depositado no sepulcro.

Nos últimos tempos foi acrescentada uma 15ª estação à Via-Sacra, ficando assim:

15, Jesus ressuscitou.

As três quedas de Jesus e o encontro de Jesus com sua mãe não constam nos Evangelhos. Por isso, em 1991, o Papa João Paulo II propôs algumas mudanças na Via-Sacra.

O hino tradicional da Via-Sacra é: “A Morrer Crucificado...” A melodia é brasileira, mas, antigamente, era cantado em latim: “Stabat mater”. Essa mesma música é também chamada de: “Pranto de Nossa Senhora”. É uma melodia triste que nos transporta para os últimos momentos da vida de Jesus. Com a Campanha da Fraternidade novas músicas foram agregadas à Via-Sacra. Elas contemplam o tema da Campanha de cada ano. Com a Campanha da Fraternidade novas formas de Via-Sacra foram encenadas, nas quais a paixão, morte e ressurreição de Jesus, misturam-se aos sofrimentos do povo brasileiro.

Em Pará de Minas, há dez anos acontece uma grande Via-Sacra, todos os sábados da quaresma, bem de manhazinha. A multidão dos fieis sobe uma longa escadaria com mais de 600 degraus até o alto da montanha onde está o monumento do Cristo Redentor.

O “Cristo Redentor”, de Pará de Minas, foi uma construção de Joaquim Xavier Vilaça, conhecido por “Nem Vilaça” que teve sua inauguração em 25 de agosto de 1963. A escadaria que dá acesso ao Cristo foi construída em 1990, na gestão do Prefeito José Porfírio de Oliveira. O terreno para construção da escadaria foi doado por José Alves de Oliveira.

Em 2013, quando a Cidade de Pará de Minas, comemorou os 50 anos do monumento, diversa atividades foram realizadas no alto da Serra, inclusive uma grande adoração ao Santíssimo Sacramento.

A Via-Sacra celebrada nesse local valoriza um dos pontos turísticos mais bonitos de Pará de Minas. Não é raro perceber, durante as orações, a presença de pequenos pássaros, micos e outros animais que se juntam ao grupo dos peregrinos, como se toda a natureza também rezasse...

O tempo da quaresma é um tempo forte da graça de Deus. Você está convidado para fazer experiência dessa graça rezando conosco a Via-Sacra e refletindo sobre a Campanha da Fraternidade que em 2020 trás como tema: Fraternidade e vida: dom e compromisso.

No próximo sábado, esperamos por você!

Fontes Consultadas:

CAMPOS, Ana Maria (Org). Cristo Redentor: 50 anos de braços abertos sobre Pará de Minas. Pará de Minas, Ideal – 2013.

POEL, Francisco van der. Dicionário da Religiosidade Popular: Cultura e Religião no Brasil. Curitiba, Nossa Cultura, 2013.

Foto: Imagem da Via-Sacra - Arquivo Pessoal - Pe. Gabriel