Santa Terezinha: Uma Rosa Desfolhada!

 

Para gostar de poesia é preciso ter leveza na alma, coisa que Santa Terezinha do Menino Jesus teve de Sobra! Suas poesias nos revelam um coração sensível às belezas de Deus e da criação. Um dia, escreveu, sob encomenda, um de seus textos mais lindos: “Uma rosa desfolhada”! A poesia foi dedicada à Madre Maria Henriqueta, do Carmelo de Paris, que, no momento, enfrentava grave enfermidade. Após receber a poesia, Henriqueta parece não ter gostado do final. Imaginava que, no momento da morte, o Bom Deus deveria recolher as pétalas desfolhadas para fazer delas uma linda rosa que brilharia para sempre na eternidade...

Apesar disso, Terezinha não quis mudar o final do texto. Disse apenas: “A boa madre, poderá compor, ela mesma, essa estrofe tal como a imagina. Quanto a mim, não tenho inspiração para fazê-lo. Meu desejo é apenas ser desfolhada para sempre, a fim de alegar ao Bom Deus. Nada mais que isto!”.

Quem já leu, ou conhece alguma coisa sobre a vida de Santa Terezinha do Menino Jesus, irá concordar que, essa poesia é um texto autobiográfico, ou seja, fala dela mesma, cuja única ambição era se queimar no fogo do amor divino. Não tinha vaidade em “brilhar para sempre na eternidade”, mas alegrar ao coraçãozinho do Menino Jesus. As pétalas desfolhadas no chão iriam suavizar a caminhada do Menino Deus. Vejamos a poesia:

Uma rosa desfolhada

1- Jesus, quando te vejo, sustentado por tua Mãe,

Deixar seus braços

E ensaiar, vacilante, sobre nossa triste terra,

Teus primeiros passos,

Diante de ti, eu quisera desfolhar uma rosa,

Em seu frescor,

Para que teu pezinho pousasse, docilmente,

Sobre uma flor!...

2-  Esta rosa desfolhada, é a fiel imagem,

Divino Infante,

Do coração que quer, por ti, se imolar sem reservas,

A cada instante.

Senhor, sobre os teus altares, mais de uma fresca rosa,

Gosta de brilhar.

Ela se doa a ti... Mas, sonho outra coisa:

“Desfolhar-me...”

3- A rosa, com teu brilho, pode embelezar tua festa,

Menino amável.

Mas, a rosa desfolhada, é simplesmente lançada,

Do vento ao léu.

Uma rosa desfolhada, sem estima, se dá,

Para não mais existir.

Como ela, com alegria, a ti me abandono,

Pequeno Jesus.

4- Caminha-se, sem se lamentar, sobre as pétalas da rosa.

E estes restos,

São um simples ornamento, disposto sem arte.

Assim compreendi.

Jesus, por teu amor, despendi minha vida,

Meu futuro.

Aos olhos dos mortais, rosa para sempre murcha,

Devo morrer!

5- Por ti, devo morrer Menino, Suprema Beleza!

Que ditosa sorte!

Quero, desfolhando-me, provar-te que te amo,

Oh, meu Tesouro!

Sob teus passinhos de criança, quero em segredo,

Viver na terra.

E quisera ainda suavizar, no Calvário,

Os teus últimos passos!

 

Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, nunca escondeu o seu desejo de ser santa. Mas, sabia que isso só seria possível se pudesse contar com a força dos braços de Jesus. Eles seriam seu “elevador”. Caso contrário, não passaria de um pequeno grão de areia. Nem de longe, considerava ter a virtude dos grandes santos. A esses ela chamava de Águias. Sobre si mesma dizia ser um pequeno passarinho. Mas, que se contentava em contemplar a beleza do sol que, felizmente, não brilhava só para as águias...

Santa Terezinha, rogai por nós!

Imagem de Nadege Burness por Pixabay