Apresentação do Senhor
São Lucas iniciou o seu Evangelho no Templo de Jerusalém (Lc 1,4), e concluiu-o, também lá (Lc 24, 53). Em Jerusalém transcorreu grande pa...

São Lucas iniciou o seu Evangelho no Templo de Jerusalém (Lc
1,4), e concluiu-o, também lá (Lc 24, 53). Em Jerusalém transcorreu grande
parte da atividade de Jesus. De lá, também partiram os primeiros cristãos em suas atividades missionárias. Sobre a
apresentação do Menino Jesus ao Templo de Jerusalém, São Lucas nos diz (Lc 2,
22-35):
Chegados os dias da
purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém,
para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: "Todo o
filho primogênito varão será consagrado ao Senhor", e para oferecerem em
sacrifício um par de rolas ou duas pombinhas, como se diz na Lei do Senhor.
Vivia em Jerusalém um
homem chamado Simeão, homem justo e piedoso, que esperava a consolação de
Israel; e o Espírito Santo estava nele. O Espírito Santo revelara-lhe que não
morreria antes de ver o Messias do Senhor; e veio ao templo, movido pelo
Espírito. Quando os pais de Jesus trouxeram o Menino para cumprirem as
prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus braços
e bendisse a Deus, exclamando: Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixará
ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que
pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória
de Israel, vosso povo. O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o
que d’Ele se dizia. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: "Este
Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para
ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se
revelarão os pensamentos de todos os corações".
Todo primogênito pertencia a Deus. Por isso, devia ser
resgatado, de acordo com a Lei (Ex 13, 1-2.11-17). Esse costume começou em
Israel, desde que o povo saiu do Egito. Na décima praga Deus feriu os
primogênitos do Egito, mas poupou os primogênitos dos Hebreus (Ex 12, 29-34). Durante
a cerimônia de apresentação, o pai apresentava o filho a Deus e o resgatava,
assim como ele mesmo, havia sido resgatado por Deus quando vivia no Egito. Para
isso, ofertava um animal que podia ser um cordeiro, um boi ou mesmo um casal de
pombos se a família fosse mais pobre.
A apresentação do menino ao Templo não era obrigatória. Mas,
podia ser feita conforme recomendada no Livro dos Números (Nm 18,15). Mas, a “purificação”
da mãe era obrigatória. Naquele tempo, acreditava-se, que a “alma” estava no
sangue. Durante o parto, normalmente, a mulher perdia sangue e se tornava “impura”.
Por isso, era obrigatório que ela passasse por um ritual de purificação. No
caso da Mãe de Jesus, poderíamos questionar: - Quem purificou quem? Maria era
puríssima. Entrando no Templo foi ela quem o purificou e não o contrário!
Estranhamente não havia, no Templo, nenhum sacerdote para
receber a Sagrada Família naquele dia. Mas, surgiu ali uma pessoa justa e
santa: - Simeão. O Evangelho nos diz que ele estava cheio do Espírito Santo!
Apesar de idoso, não perdeu as esperanças enquanto não viu “a salvação de
Israel”. Simeão canta um hino de ação de
graças e faz uma profecia a respeito do futuro do menino: Ele seria causa de
queda e de soerguimento para muitos... Quanto à Maria, ela teria o coração
transpassado por uma espada de dor! Seu
diagnóstico, sobre Jesus, nunca foi tão preciso e verdadeiro. Maria foi mãe de
um filho rejeitado, que ainda continua rejeitado, por grande parte das pessoas.
Diferente de nós, que exigimos credenciais para acreditar em
Deus, Simeão é modelo de fé. Ele acreditou em Jesus ainda criança e não exigiu
dele nenhum milagre. Sabia que o grande milagre era a sua presença naquele
local. Depois de ter visto o menino disse que até poderia morrer, pois seus
olhos viram tudo o que precisava ter visto, ou seja, a presença de Deus junto
ao seu povo! Pense nisso!
Imagem de Kateřina Hartlová por Pixabay