São Policarpo: Santidade à prova de fogo!

 

No dia 23 de fevereiro a Igreja Católica celebra São Policarpo de Esmirna. Ermirna (Izmir) fica na atual Turquia. O nome “Polykarpos” vem do grego “polys” (Muito) + Karpos (frutos) e quer dizer aquele que produz muitos frutos. São Policarpo viveu no Séc. II e foi discípulo de São João Evangelista. Sua festa é comemorada pelos Sírios de Antioquia, pelos bizantinos e pelos coptas. No Ocidente ele começou a ser cultuado no Séc. VI e seu culto difundiu-se mais no Séc. XIII. Ele representa um elo entre a Igreja dos Apóstolos e às novas gerações cristãs da Ásia Menor e Gália (Turquia).

São Policarpo foi martirizado em Roma no ano de 155. Sobre o seu martírio temos o relato de uma testemunha, o “Martyrium Polycarpi” que  é considerado por muitos o mais antigo e autêntico “Atos dos Mártires”. Trata-se da primeira obra na qual é definido “mártir” aquele que morre por causa da fé.

São Policarpo escreveu muitas cartas, mas somente uma foi preservada, a Carta aos Filipenses. Nela ele exorta os filipenses em questões morais e os incentiva a resistir às tentações docetistas (Docetismo foi uma heresia.  Acreditavam que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão, e que sua crucificação teria sido apenas aparente). A Carta provavelmente foi escrita pouco tempo após a morte de Inácio. Ela contem ensinamentos recebidos, diretamente, dos Apóstolos, principalmente de São João Evangelista. Por isso, Policarpo é chamado de “Padre Apostólico”, pela Igreja. Assim foram chamados os primeiros discípulos dos apóstolos. Policarpo foi amigo de Santo Inácio de Antioquia com quem se encontrou quando Inácio caminhava para o martírio em Roma no ano de 107. Nas cartas que Santo Inácio escreveu a Policarpo ele o chama de “zeloso bispo”.

Quando já estava idoso Policarpo viajou a Roma como representante da Igreja da Ásia  para tratar com o Papa Aniceto sobre a data da páscoa que, naquele tempo, era celebrada em datas diferentes no Ocidente e Oriente. Apesar de não entrarem em acordo sobre a questão mantiveram um profundo e respeitoso diálogo. Ao retornar para Esmirna soube do decreto publicado pelo Imperador Marco Aurélio condenando-o à prisão juntamente com mais alguns cristãos. Temendo pela vida do Santo Bispo alguns amigos  o esconderam dos fiscais do governo. Mas, não adiantou. Ele foi descoberto e conduzido a Roma. No trajeto para o martírio não faltaram pessoas que o aconselharam a preservar sua vida.  Mas, o santo insistia: “Não farei o que me aconselham. Nem a espada, nem fogo ou qualquer outra tortura me fará renunciar a Cristo.” Seu julgamento foi presidido pelo pro cônsul Estácio Quadrado que insistia para que ele renegasse a fé em Cristo.  Mas em alta voz ele disse: “Eu servi a Cristo 86 anos e ele nunca me decepcionou. Eu não vou decepcioná-lo agora. Que venham as feras”!

Mas para amedrontá-lo, ainda mais, o ameaçaram com a fogueira. Mas, ele fez questão de subir os degraus do local da fogueira e, de lá rezou, com firme devoção: "Seja bendito para sempre, ó Senhor; que o vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos". Durante aquela cena muita gente ficou impressionada, pois o fogo contornava o seu corpo sem queimá-lo. Naquele instante, espalhou-se pelo ar um delicioso perfume. Era o perfume da santidade! Vendo que o fogo não lhe queimava o carrasco o matou a golpes de espada.  Depois de morto seu corpo foi queimado. Os seus discípulos recolheram-lhe os ossos e os depositaram numa  digna sepultura.

Um ano após sua morte foi publicada uma carta relando o seu martírio. Essa carta foi enviada aos cristãos de Esmirna (Turquia) e é o mais antigo documento sobre o martiriológico cristão.

Que São Policarpo nos abençoe e nos dê coragem para testemunhar nossa fé nos dias de hoje!

Foto: Cavernas de Izmir (Turquia)

Imagem de Leslianne Braunstein por Pixabay