Fogo de palha não cozinha feijão
O Evangelho de São Lucas ( Lc 18,1-8) nos alerta com relação ao tema da perseverança. Esse tema me agrada e não me canso de repetir que, “...

O Evangelho de São Lucas ( Lc 18,1-8) nos alerta com relação
ao tema da perseverança. Esse tema me agrada e não me canso de repetir que, “fogo
e palha não cozinha feijão”. O texto
bíblico fala da persistência de uma viúva que acabou sendo atendida pelo juiz
por causa de seus insistentes pedidos. O juiz, no caso, atendeu a viúva para se
ver livre de suas importunações. Mas, diferente do juiz da parábola, Deus é um
pai bondoso e está sempre disposto a nos atender. Mas, aqui precisamos de fazer
algumas considerações. Deus nos atende no tempo dele e não no nosso. Vale
lembrar, que Ele não usa relógios e tem toda a eternidade à sua disposição. Além
disso, precisamos considerar nossa relação atual com a questão do tempo.
Aprendemos, desde cedo, que “Times is Money”, ou seja, tempo é dinheiro. Se tempo for dinheiro, tudo
o que não for realizado com esse objetivo será considerado prejuízo. Namorar,
por exemplo, seria prejuízo pois, ninguém vai namorar para ganhar dinheiro... O
tempo dedicado à oração também seria um desperdício pois, isso não vai render
dividendos... Dentro dessa lógica rasa devemos fazer tudo, apressadamente, pois,
quanto mais tempo perdermos mais dinheiro perderemos. Talvez, isso explique a
pressa atual dos “moto-boys” e tantas outras. A gente corre pra lá e pra cá, o
tempo todo, feito baratas tontas em perfeita desorientação.
No livro “O Pequeno Príncipe” existe uma passagem que
poderemos usar, aqui, para falar de nossa relação com o tempo. Trata-se da
passagem que mostra o encontro do principezinho com um acendedor de lampiões. O acendedor de lampiões deveria acendê-los à
noite e apagá-los pela manhã. Acontece, que o planeta dele estava ficando cada
vez menor e, a cada giro, virava as costas para o sol, de tal maneira, que ele
passou a acender e apagar, com intervalos cada vez menores. Isso é o que chamo
de escravidão! Conhece gente assim? Mas, voltemos ao nosso tema principal.
Existe um santo, muito popular hoje em dia que é Santo
Expedito, o santo das causas urgentes. Numa época que tudo parece “urgente
demais” e queremos as coisas para ontem, a devoção ao santo tende a crescer.
Aliás, a palavra “expedito” quer dizer: rápido, desembaraçado... Soube de
alguns devotos que adquiriu duas imagens desse santo pois, se uma quebrar já
tem outra. Tudo isso para não perder tempo.
Muitas vezes rezamos e temos a sensação que Deus não nos
atendeu. É preciso perguntar se sabemos pedir para Deus as coisas certas e do
jeito certo. Nesse caso, podemos nos espelhar no exemplo de Nossa Senhora que
disse: Eis aqui a serva do senhor, faça-se em mim segundo a vossa vontade! Frequentemente, fazemos o contrário. Só não
dizemos por vergonha, mas a lógica é essa: O Senhor é o meu servo e estou aqui
para ser atendido do meu jeito e na hora que desejo... Em seguida, a ladainha:
Quero emprego para o meu neto, carteira de habilitação para o meu caçula, que
pare de brigar com a esposa, que a fechadura da porta destrave que eu encontre
a chave do carro. Já dei até três pulinhos para São Longuinho e nada da bendita
chave aparecer... Olhe, se Deus não tomar cuidado conosco, Ele está perdido!
Muitas vezes, nós o tratamos como o gênio da lâmpada de Aladim com uma
diferença: O gênio só garantia o atendimento de três pedidos! Por falar em gênio da lâmpada vou contar uma
história do mineiro com esse gênio:
O mineiro encontrou uma lamparina enferrujada debaixo do pé
de laranjas no quintal da sogra. Esfregou-a, e de dentro dela saiu primeiro uma
lagartixa. O gênio, que parecia baiano, pelo sotaque só saiu depois da
lagartixa e fez-lhe a clássica pergunta: - Painho, pode fazer os três pedidos:
O primeiro pedido do mineiro foi um queijo. O que mais poderia ser? O segundo
foi outro queijo. O terceiro foi uma mulher. O gênio estranhou aquele pedido do
mineiro que já somava mais de sessenta e perguntou-lhe porque ele queria uma
mulher. Ao que ele respondeu: - Na verdade, queria outro queijo. Só pedi uma
mulher por vergonha... Mas, voltemos ao tema principal.
Pedir coisas para Deus não é pecado. Na oração do Pai Nosso,
Jesus mesmo nos instruiu para fazer pedidos. Mas, veja bem: Que o nome de Deus
Seja amado, santificado, conhecido; Que o seu reinado seja realidade entre nós;
Que a vontade dele impere em nossas vidas; Que o mal seja afastado de nós... E
alguns pedidos mais voltados para nossas necessidades imediatas: O pão de cada
dia, o perdão às ofensas, o livramento das tentações. Deus não fica com raiva
se a gente lhe pede para encontrar a chave do carro ou tirar carteira de
habilitação... Mas seria muito bom se nossos pedidos também visassem objetivos
mais nobres, como por exemplo, a nossa santidade. Você já pediu a Deus para ser
mais santo? Pense nisso!
Foto: Arquivo pessoal
Uauuuuu. Que tapa de luva. Entre um conto lúdico e outro, as verdades que precisamos nos atentar a elas, porque o tempo é curto.
ResponderExcluirGostei mito do texto com.suas ricas reflexões
ResponderExcluirPadre Gabriel boa tarde! Muito lindo seus escritos..... história muito real ...mas eu só peço a Deus , aos Santos, Maria Santíssima e JESUS,que fique junto de mim, até no último minuto de minha vida 🙏🏻 pois dificuldade todos nós temos, mas com a presença do Espírito Santo,saberei falar na hora certa, o que deve ser dito. Isto é muito importante pra quem precisa ouvir e agir. Cabe a nós vivermos com responsabilidade. Porque Deus só nos quer o bem o tempo todo. Nós é que somos desobedientes,pecadores. Que Nossa Senhora nos dê forças pra fazermos de nossa vida um ofertório para Deus! Obrigada
ResponderExcluirA dinâmica da vida está provocando muito stress, e ansiedade, queremos dentro do nosso tempo mas nosso tempo não é o tempo de Deus.
ResponderExcluirTer sabedoria é entender e saber esperar o tempo dele e sua ação em nossa vida
Pedimos e queremos ser atendida(o) dentro do nosso tempo por isso pode levar a doença da ansiedade que tão mal nos faz.
ResponderExcluirSaber esperar é ter sabedoria. Que Deus nos ajude a atingir este nível de entendimento; O tempo de Deus não é o nosso tempo.