Joaquina do Pompéu e seus genros rebeldes
Pois é. Muita gente afirma não gostar de sogra e até fazem piadas com elas. Mas, o inverso também pode ser verdadeiro. Hoje vou contar a h...

É importante destacar
que a condição de fazendeira e mulher de negócios de Dona Joaquina do Pompéu a
colocou numa posição de poder na Capitania de Minas Gerais, para além daquela
que as ligações familiares já lhe proporcionavam – Joaquina era, por exemplo,
parente do governador da capitania, Conde de Valadares. No livro, “Dona Joaquina do Pompéu”, os
autores Coroliano Ribeiro e Jacinto Guimarães destacam na ausência de um
representante da lei, na região onde Joaquina exercia sua influência, era ela
quem dava palavra final fosse para punir, prender ou investigar, bem como para
conceder perdões ou indultos (1).
A fazenda de Dona Joaquina era maior do que área atual de dez
municípios mineiros. Seu sobrado era constituído
de 80 cômodos divididos em dois pavimentos. Ela chegou a possuir mais de mil
escravos e, aproximadamente, 60 mil cabeças de gado. (2) Isso exigia dela pulso
forte e determinação. Mulher católica, de grande estatura ética, Joaquina não
permitia que ninguém vivesse amasiado em suas terras e sabia punir de forma
exemplar quem pisava fora da faixa. Não poupava de castigar nem mesmo os filhos
se estivessem errados. Aos poucos foi casando todos os filhos e aumentando o
tamanho da família. Ana Jacinta casou-se com Timóteo Gomes Valadares e Joaquina
com Antônio Alvares da Silva. Esses dois genros trouxeram muitas preocupações
para a sogra.
Timóteo era preguiçoso e andava sempre a falar mal da sogra.
Dizia não precisar de nada pois casara-se com moça rica e após a morte “da
velha” iria por a mão nos cobres! Perambulava pra lá e prá cá amolando todo
mundo e conversando fiado. A paciência de Joaquina explodiu. Chamou Manuel
Congo e deu-lhe a seguinte ordem: Chame o Cristino Veloso e o Vicente Maravilha
e vá, agora, passar uma surra de rabo de tatu no meu genro Timóteo. O dois vão
segurá-lo e você lhe dá uma sova bem dada (3). A grita foi geral, mas ninguém
socorreu a vítima, afinal ele havia pedido esse castigo. Depois dessa lição,
ele nunca mais reclamou da sogra e nem contou vantagem. O outro genro reclamão,
ao ver aquilo também mudou de postura, pois quando a barba do vizinho está
pegando fogo a gente põe a barba de molho...
O segundo episódio foi ainda mais triste que o primeiro. Além
dos filhos de sangue Dona Joaquina teve uma filha adotiva, sobrinha órfã de seu
marido, o Capitão Inácio. Ela se chamava Maria Severina e foi criada no mesmo
regime das filhas. Ao completar 15 anos casou-se com o médico Dr. Manuel de
Abreu com o qual mudou-se para o Rio de Janeiro indo morar na Rua Mata-Cavalos.
Maria Severina não teve filhos. Dois anos após o matrimônio escreveu uma carta
chorosa à sua mãe reclamando da traição do marido. Dona Joaquina ficou muito
amolada com a situação. Após verificar tudo direitinho convidou o casal para
passar uma temporada no Pompéu para um merecido descanso. Manuel que adorava
caçar nas matas, veio alegre sem nada desconfiar. No dia da caçada Joaquina fez
suas recomendações aos escravos de confiança que deveriam acompanhar o médico.
Na volta da caçada, enquanto Manuel desceu do cavalo para beber água, foi
agarrado por dois escravos e castrado por um terceiro. Ninguém ouviu os seus
pedidos de socorro. Desmaiado chegou à fazenda sob o lombo de um cavalo.
Ninguém sabe por que, mas o certo é que ele nunca mais traiu a esposa. Dizem que até ganhou uns quilinhos...
Depois de ver tudo isso, nenhum genro ou nora brincou mais
com os descendentes da matriarca. E foi assim, que Dona Joaquina impôs respeito, não apenas na região do Pompéu, mas, em toda Minas Gerais e até mesmo fora de
Minas.
1-https://martinscastro.pt/blogs/dona-joaquina-de-pompeu-e-a-descendencia-sefardita-em-minas-gerais/
- Visita em 13/12/23
2-https://pompeanodamemoria.blogspot.com/2011/03/o-sobrado-da-fazenda-nossa-senhora-da.html
3 - Vasconcelos Agripa.
Sinhá Braba. 2 ed. Belo Horizonte, MG: Garnier, 2021. P. 196
Foto: Arquivo pessoal
Como diz o Senhor: "POIS É". Um caso pra rir e chorar e colocar as barbas de molho... Kkkkk
ResponderExcluirBem a dona Joaquina era de coração duro mesmo! Não era só mulher forte guerreira mas para mim de valores éticos questionáveis. Ficou sim com nome respeitável na região principalmente quando a justiça confiável não acontecia. Ela impôs em.muitos momentos sua justiça.
ResponderExcluirFicou registrado sua atuação em toda região, e deixou uma biografia interessante de se ler mas difícil de ser totalmente aprovada
Bem a dona Joaquina era de coração duro mesmo! Não era só mulher forte guerreira mas para mim de valores éticos questionáveis. Ficou sim com nome respeitável na região principalmente quando a justiça confiável não acontecia. Ela impôs em.muitos momentos sua justiça.
ResponderExcluirFicou registrado sua atuação em toda região, e deixou uma biografia interessante de se ler mas difícil de ser totalmente aprovada
Ainda bem que ela era muita católica,imagina se não fosse.🤫
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