Joaquina do Pompéu: - Uma boiada de presente!

  Em 1808, quando a corte portuguesa foi transferida para o Brasil, fugindo de Napoleão Bonaparte, isso aqui virou um caos! De uma hora para...

 


Em 1808, quando a corte portuguesa foi transferida para o Brasil, fugindo de Napoleão Bonaparte, isso aqui virou um caos! De uma hora para outra desembarcou no Rio de Janeiro milhares de bocas famintas que precisavam ser alimentadas. E não era pouca gente não!

“A esquadra portuguesa era composta de 8 naus, 4 fragatas, 12 brigues, 2 charruas, e 40 navios mercantes, zarpando comboiada pela divisão inglesa do comando do Almirante Sidney Smith. Para que tão numerosa frota de guerra? Porque além da Corte completa, vinham com a Família Real 15 mil pessoas – Palacianos Oficiais,  damas de companhia, sécias, cabeleireiros, Dragões, funcionários da justiça”(1)

Imagine você, o transtorno ocorrido no Rio de Janeiro, nessa ocasião! Não havia casas nem comida para tanta gente. Como o problema foi resolvido? Da maneira como os governantes costumam fazer: Arrancando tudo no lombo do povo! Os moradores do Rio tiveram que abandonar suas casas para dar lugar aos portugueses. As melhores casas tinham as portas marcadas com um “PR” (Príncipe Regente), e a partir daí os moradores deveriam desocupar o imóvel em questão de horas, deixando para trás todos os móveis... Um verdadeiro absurdo!  Em menos de vinte dias não havia mais alimentos para os visitantes. O Vice-Rei pediu ajuda ao governador de Minas e esse, por sua vez repassou a conta aos mineiros. Foi então, que Dona Joaquina do Pompéu entrou na história. Artigos como: carne, farinha e rapadura foram transportados, aos montes, de Pompéu para o Rio de Janeiro. Apesar disso, a Corte começou a cobrar os impostos de Dona Joaquina. Recebiam favores e ainda queria impostos. A situação só foi resolvida quando Dona Joaquina parou de mandar os mantimentos. A retirada dos impostos dos produtos de Pompéu foi uma exceção na história do fisco real.

Dona Joaquina que não era nada boba também tirou proveito da situação, pois trazia do Rio,  grandes cargas de sal para o seu gado e suas necessidades. O sal era caríssimo naquela época! As despesas de Dom João eram inacreditáveis. Só a cozinha real gastava 436 contos por ano. Havia 1.200 cavalos de raça nas cavalariças do Paço que consumiam 273 contos anuais. Mil bois saiam do Pompéu para a Corte de cada vez. Certa ocasião, Dona Joaquina acrescentou mais cem bois de presentes para Dom João. Em razão de tudo isso, os pedidos de Dona Joaquina eram, prontamente, atendidos na Corte. Ela sabia fazer política usando o seu jeito mineiro. Conseguia tudo o que queria sem fazer muito barulho, pois sempre foi discreta e sem vaidades.
Possuía um escravo de confiança a quem encarregava se levar ou buscar suas correspondências. Teobaldo era corajoso e veloz. Gastava apenas 23 dias para ir e voltar do Rio de Janeiro, um percurso de 240 léguas!

Dona Joaquina era simples e discreta, mas, sabia se portar conforme a ocasião. Possuía ricos vestidos e joias caras para as visitas oficiais. Quando necessário, não temia colocar os pés no barro para defender sua fazenda  e tudo o quanto  possuía. Em sua propriedade havia disciplina e rigor moral. Não permitia abusos nem comportamentos indecentes. Cultivava verdadeiras amizades e fazia grandes parcerias. Por isso, sua fama crescia cada vez mais e ela tornou-se conhecida em todo o Brasil.

 Imagem de talpeanu por Pixabay

1-      Vasconcelos Agripa. Sinhá Braba. 2 ed. Belo Horizonte, MG: Garnier, 2021. P. 206

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  1. Inteligência e o jeito mineiro resultou em prosperidade para a grande mulher. Era também politica ou melhor, fazia a seu jeito uma politica de resultado. Valeu dama Joaquina! Não é por falta de méritos que ficou marcada sua existência.

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  2. Inteligência e o jeito mineiro resultou em prosperidade para a grande mulher. Era também politica ou melhor, fazia a seu jeito uma politica de resultado. Valeu dama Joaquina! Não é por falta de méritos que ficou marcada sua existência.

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