Joaquina do Pompéu – Um noivado que quase deu morte.
Naquele tempo, um noivado poderia acontecer quando a menina tivesse 11 anos e o casamento só depois dos doze. A última coisa que interessa...

Naquele tempo, um noivado poderia acontecer quando a menina tivesse 11 anos e o casamento só depois dos doze. A última coisa que interessava era a vontade da noiva. Tudo deveria ser acertado com o pai. A mãe, nem sempre participava disso. Em Pitangui a coisa fervia quando se deu a festa de noivado de Joaquina Bernarda da Silva Abreu Castelo Branco Souto Maior de Oliveira Campos, aquela, que mais tarde, seria Dona Joaquina do Pompéu. Nascida em Mariana, órfã de mãe, Joaquina era filha do Padre Dr. Jorge de Abreu Castelo Branco que se tornou padre após enviuvar-se.
O pai que antes fora um modelo de virtude e sabedoria acabou se relaxando e fazendo um monte de coisas erradas em Mariana. Isso fez com que ele se mudasse para Pitangui e trouxesse consigo sua filha Joaquina. Em Pitangui morava o Capitão Inácio de Oliveira Campos, descendente de família de bandeirantes. Era neto de Antônio Rodrigues Velho, conhecido com Velho da Taipa. Ali também morava aquela que seria a grande rival de Joaquina: Maria Felisberta de Alvarenga, conhecida por MariaTangará. O sobrenome “Tangará”, do qual se orgulhava, foi uma herança da avô, uma índia da Tribo Tangará. Gostava de dizer que era neta de bandeirantes com indígena. Cresceu analfabeta e tinha o gênio violento e mau caráter. Tomou ódio de Joaquina quando perdeu para ela o namorado, o Capitão Inácio de Oliveira Campos.
O boato corria solto e, como acontece em qualquer pequeno arraial, todos perceberam que Tangará fora trocada por Joaquina. De início, chegou a ficar doente apesar dos conselhos das vizinhas para que não sofresse por causa de homem. Com o passar do tempo, transferiu o ódio para Joaquina e, por puro despeito, passou a difamá-la. Ninguém em Pitangui sabia que Joaquina, na verdade, já fosse comprometida com Manuel de Sousa e Oliveira, comerciante de Mariana. Esse ajuste com o comerciante fora feito por seu pai quando ela contava, apenas, com nove anos! Assim, que completou 11 anos o noivo escreveu ao Dr. Padre Jorge, em Pitangui, cobrando a promessa feita. Quando a notícia vazou Maria Tangará comemorou com as amigas, afinal Joaquina parecia ter saído de vez, do seu caminho!
Em acertos com o pai da noiva Manuel de Sousa apareceu em Pitangui para a festa do dia do noivado. De Mariana o próprio Manuel encarregou-se de convidar o Capitão Inácio para a festa, pois, já o conhecia de longa data e dos encontros militares. No dia da festa tudo estava preparado conforme o figurino: Mesa posta, convites espalhados, músicos contratados, farta comida e bebida. Na ocasião, servia-se vinho português aos convidados. Diante da cadeira de cada um havia um copo para o vinho. A cadeira da noiva permanecia vazia, ao lado da cadeira do pai e, diante de sua cadeira, não havia copo. Ela deveria ser a última a aparecer na festa toda enfeitada diante dos convidados. Trazia na mão sua própria taça de vinho e depois de passar diante de todos parava na frente do noivo e bebia com ele na mesma taça. Naquela noite, no entanto, o ritual foi bem diferente.
Na hora principal da festa o salão estava repleto de convidados. A expectativa de todos era para ver a noiva surgir para a cerimônia. E eis que ela veio! Todos se levantaram e alguns não escondiam a emoção. Joaquina desceu as escadas com a taça de vinho na mão. Beijou o pai e passou diante dos convidados. Ao ver Manuel inclinou a cabeça e seguiu adiante. Parou diante do Capitão Inácio e entregou-lhe a taça com o vinho depois de bebericá-lo. Os convidados ficaram estupefatos e o pai pensou que Joaquina havia se equivocado. Mas, ela com seu porte esguio e mostrando-se imponderada de si mesma afirmou: Não era para beber a saúde do noivo escolhido? Pois bem. Quem escolhe o meu noivo sou eu. Por isso, escolhi o Capitão Inácio e não o outro escolhido por meu pai! O puxa-faca foi geral. Aquele que seria o noivo sentiu-se traído e desafiou o pretendente para um duelo. Alegando não saber de nada Inácio também não queria levar desaforo para casa. Depois de uma refrega geral a turma do deixa disso acabou vencendo. Manuel retornou à Mariana e o casamento de Joaquina e Inácio foi marcado para o ano seguinte quando ela completaria 12 anos.
Naquele dia todos puderam ver que Joaquina era mulher de fibra. Por trás de sua aparência de anjo da corte, escondia uma mulher valentona que marcaria para sempre a história de Minas Gerais. Sua saga continuou depois de um tempo na Cidade de Pompéu para onde se mudou.
Ah, e a briga com Maria Tangará? Isso também irá continuar por longo tempo...
Crônica baseada nas informações do livro: Sinhá Braba, de Agripa Vasconcelos - 2 ed. Belo Horizonte, MG: Garnier, 2021 - p.77-79
Imagem de No-longer-here por Pixabay
E a História continua na próxima crônica? Amei demais! Kkkk
ResponderExcluirCrônica gostosa de se ler...desde aos 11 anos, Joaquina já era terrível com seu gênio indomável...
ResponderExcluirEsperando pela próxima!
Abraço, Padre!
História gostosa de se ler com deta lhes de informações mostrando a veracidade dos fatos.
ResponderExcluirPelo que já li sobre esta personagem de Pitangui, só me levou a concluir que tinha forte personalidade e deixou registro de mulher corajosa não só na sua cidade, mas em toda a região. Sua fama corria por todos os lado porque sempre tinha fatos interessantes em que tinha marcante participação dela.
Amei o nome da Joaquina, casa sobrenome tem uma história né kkkkkkkkk
ResponderExcluirKkkk tudo parece piada. Em boa esperança zona rural de Itaquara. Um casamento arrumado dos país, uma filha bonita prometida em casamento com um capiau. O que fazer o a filha feia de doer? No dia do casório, ela foi no lugar da irmã. Depois de casados que o capiau viu o monstrengos perguntou. Uai, essa num é a menina. Os pais firmes na palavra, é sim. Uai , então tá bão. E viveram muitos anos .
ResponderExcluirQue delícia de história!!!
ResponderExcluirTem gostinho de quero mais.
Quero mais história!!!
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