Um minotauro criado entre nós

  O Minotauro é um monstro mitológico, criado na Ilha de Creta, mais precisamente, no reinado de Minos. Com corpo de homem e cabeça de touro...

 


O Minotauro é um monstro mitológico, criado na Ilha de Creta, mais precisamente, no reinado de Minos. Com corpo de homem e cabeça de touro ele aterrorizava a todos. Só comia carne humana e devorava inúmeros jovens, ainda virgens, todos os anos. Mas, de onde veio esse monstro e como ele foi criado?

O que aconteceu foi o seguinte:

Zeus, o mais mulherengo dos deuses, apaixonou-se pela Princesa Europa. Paixão é um sentimento “patológico” diferente de amor. Seduzir a princesa não era coisa fácil pois era “recatada e do lar”. Por isso, Zeus disfarçou-se num touro branco, enganando assim, a moça e sequestrando-a, de seus pais. Levou-a para a Ilha de Creta e manteve, por algum tempo, “um caso” com ela. Dessa união continuada, nasceram três filhos: Minos, Radamanto e Sarpêdon. Depois de algum tempo,  Zeus sumiu no mundo e Europa encontrou um marido que aceitou as crianças. Chamava-se Astérion. Com ele teve, por alguns anos uma “união estável”.   Após a morte de Astérion, como sempre acontece, brotou no coração dos filhos adotivos a disputa pelo poder. Minos rezou muito a Posséidon, deus do mar e, suplicou-lhe, um sinal para dar legitimidade à sua posição de governo. Governar, naquele tempo, era uma missão que os deuses confiavam aos homens, desde que eles fossem dignos de tal função.  Posséidon ouviu as preces de Minos e prometeu enviar ao seu palácio um Touro branco saído do oceano. Esse seria o sinal de aprovação dos deuses. Mas, esse touro deveria ser imediatamente, sacrificado aos deuses.

Enquanto Minos estava fazendo os preparativos para assumir o poder um Touro, extremamente belo, surgiu na praça da cidade. Assim, Possêidon cumpriu sua promessa. E Minos, o que fez? Bolou um plano para sair ganhando e fez Possêidon de trouxa. Poupou o touro branco do sacrifício e sacrificou, aos deuses, um touro magricelo. Afinal, não queria “desperdiçar dinheiro público”, uma boa desculpa para esconder sua ganância.

Magoado com a situação, Possêidon fez brotar um par de chifres em Minos.  Sua mulher  apaixonou-se pelo touro branco. Mas, como iria se acasalar com ele? – Problema para Dédalo, um “professor pardal,” daquela época. Dédalo criou uma vaca de madeira de tal maneira que Pasifae, esse era o nome da dita cuja, pudesse se acasalar-se com o touro de dentro da vaca. Naquele tempo também havia fantasia sexual. E como havia! O resultado desse ardente encontro foi o Minotauro, um monstro assustador, que nasceu como fruto de uma série de deslizes do rei.

Com o nascimento do Minotauro o reino de Minos ficou ameaçado. Para conter a fúria do monstro Minos solicitou a Dédalo que construísse um labirinto, sem portas,  que lhe servisse de prisão. Essa situação só foi resolvida, mais tarde, quando ajudado por Ariadne, Teseu eliminou o monstro e assumiu o governo de Creta. Mas, isso será assunto para outro texto.

O Minotauro, não caiu do céu. Ele foi fruto da inconsequência do governante que esqueceu os seus compromissos iniciais e tentou tirar proveito próprio da situação. Não se governava sem anuência das divindades. Hoje, grande parte das pessoas não acredita em Deus e acha que não depende dele para nada. Mas, numa democracia, a pessoa depende do voto popular e se compromete com seus eleitores. Infelizmente, alguns se esquecem disso e passam a governar para si mesmos. Nesse sentido, não se incomodam com desemprego, pandemia, fome, falta de escolas... Enquanto isso, verdadeiros monstros são criados. O desemprego, por exemplo, é um deles que devora os jovens, antes mesmo, da vida adulta. Grande parte deles se debanda para os vícios e, por não terem perspectivas de futuro, entram em depressão.

Hoje não temos mais a figura de Teseu, um salvador da pátria, embora muitos sonhem com essa figura. Eliminar o monstro depende de cada um de nós e de nossa consciência cidadã na hora de votar. Caso contrário, os labirintos se multiplicam e os minotauros geram filhotes. O “fio de Ariadne” que nos guia nos atuais labirintos é a fé. Com ela a gente enfrenta os monstros e acha saída depois.  Pense nisso!

Imagem de Jacques GAIMARD por Pixabay 

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  1. Infelizmente podemos ver próximos de nós história parecida.

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  2. Parabéns pelo belíssimo texto padre.
    Ao mesmo tempo em que nos ensinou um pouco mais a respeito dessa figura mitológica, nos mostrou o quão é importante sabermos votar.
    Parabéns mais uma vez... E muito obrigada pelos ensinamentos.

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  3. São muitos os monstros que devemos enfrentar todos os dias. Somente pela força divina da fé venceremos os monstros da atualidade.

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  4. Esse Zeus aparece em toda mitologia com cada história.

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  5. Belo ensinamento em um momento oportuno, eleições chegando, será que criaremos outro monstro ou alimentarmos o já existente? Há esperanças? Difícil acreditar se a esperança são os jovens e muitos deles infelizmente estão perdidos.

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  6. Apaixonada pelos textos.
    Obrigada .
    JA disse néh, a forma como tranforma-os é espetacular.

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  7. Belo texto e reflexão!
    Desafio hoje para o gestor; enfrentar o desemprego que assola em todo país, com consequências desastrosas, como o senhor citou!

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