Rins cingidos

 

Quem sai para o trabalho não pode sair de qualquer maneira. Antes, deve preparar as ferramentas, a marmita, o agasalho... Definitivamente, não dá para ir de pijama para a construção civil, embora, muitas vezes, a gente tenha vontade de fazer isso. Debaixo de um sol de quarenta graus dá vontade de arrancar toda roupa...

O povo hebreu vivendo como escravos no Egito esperava que Deus o libertasse a qualquer momento. Por isso, deveria estar sempre de prontidão, com os rins cingidos e sandálias nos pés. Naquele tempo, os homens usavam uma túnica comprida como vestimenta e a prendiam com um cinto, na cintura, quando iam para o trabalho. Na hora de dormir ou descansar poderiam retirar o cinto. Mas, quem devia estar de prontidão para sair às pressas,  em qualquer hora da noite, era melhor permanecer com os rins cingidos, ou seja com o cinto na cintura e as sandálias nos pés. Assim, após dado o alarme, não gastariam tempo com as vestimentas.

Falando às primeiras comunidades cristãs, que tinham pressa, pela vinda gloriosa de Jesus, São Lucas (Lc 12,35-38), pede cautela e vigilância. Jesus poderia vir a qualquer hora. Por isso, era melhor estar sempre preparados! Chega a comparar a vinda do Senhor com o surgimento inesperado de um ladrão. Por mais chocante que seja a comparação ela visa alertar, também a nós, da necessidade de preparação.

Acreditamos que Jesus um dia virá para julgar os vivos e os mortos. Essa verdade de fé faz parte do credo que professamos. Trata-se do juízo universal. Quando e como será nós não sabemos. Além disso, teremos também o nosso juízo particular. Ele pode acontecer a qualquer momento, pois “para morrer basta estar vivo...” Como não sabemos nem o dia nem a hora é melhor “colocar a barba de molho”.

Cristo já veio até nós e assumiu a nossa condição humana. É isso que celebramos na Festa do Natal. Ele virá, definitivamente, para nós quando achar que convém. Por ora, ele nos vem pela Eucaristia, pela sua palavra e por meio dos irmãos. Um dia o veremos face a face. Agora o vemos de forma embaçada como que através de uma vidraça. Ainda assim, ele vem a nós o tempo todo. Chega das formas mais inusitadas. “Deus é uma beleza de traiçoeiro”, assim dizia Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa...

Estejamos sempre preparados! Estar preparados é viver no amor. Isso é fácil de compreender e difícil de praticar. Mas, quem vive no amor não precisa temer esse encontro definitivo com Jesus. Aliás, não terá grandes surpresas, pois viver com Jesus é continuar a viver no amor, agora de forma plena. 

Pense nisso!

Imagem de Couleur por Pixabay