Martírio de São João Batista

  No dia em que meditamos sobre o martírio de São João Batista (29 de agosto), o Evangelho proposto pela liturgia é o texto de São Marcos(Mc...

 


No dia em que meditamos sobre o martírio de São João Batista (29 de agosto), o Evangelho proposto pela liturgia é o texto de São Marcos(Mc 6, 14-29).  Refletir e comentar sobre a figura de João Batista é sempre bom.

João foi aquele que abriu o caminho para Jesus. Mas, não foi fácil abrir um caminho para a verdade num mundo recheado de mentiras. João não era a luz, mas andava muito perto dela. Por isso, estava sempre iluminado. Herodes, ao que parece, estava longe da claridade. Para comemorar seu aniversário decretou a morte de um prisioneiro inocente, a pretexto de “honrar a palavra dada”. Mas, será que Herodes entendia bem o que fosse honradez? A tristeza de Herodes deveria se assemelhar à do crocodilo, pois dizem que esse chora, enquanto engole a presa...

Herodes é um personagem curioso. O Evangelho citado mostra-o meio confuso quando ouviu falar de Jesus. Até parece que estava com "dor de consciência" pela morte de João Batista. Mas, consciência era o que ele não tinha. Depois de calar João Batista seria querer demais que ele desse ouvidos a Jesus. Pessoas como Herodes só tem ouvidos para o que lhes interessa. Sua figura, no entanto, parece representar o adultério do próprio povo de Israel que em vez de dar ouvidos ao esposo que é Cristo, prefere tampá-los. Ouvir um profeta nunca foi fácil nem naquele tempo e nem hoje. O profeta às vezes, navega contra a correnteza. Não sendo "Maria vai com as outras", sua voz incomoda. Para não serem incomodados, alguns preferem amordaçá-los.

João Batista morreu para não calar a verdade. Mas, a Verdade é Jesus. Então, antecipadamente, João morreu por Jesus. Deu tudo de si para Cristo sem nada exigir. Ao que parece, não exigiu nem mesmo sua presença na hora da aflição.  

Enquanto João estava preso e teve decretada sua sentença de morte  Jesus estava ausente. Ele não deveria estar por perto e defender o amigo? Em primeiro lugar, precisamos compreender que os planos de Deus são bem diferentes dos nossos. Depois é preciso afastar a ideia de um messias poderoso que viesse resolver todos os problemas humanos.  Jesus é manso e humilde. Ele também, mais tarde, seria vítima da ambição e vaidade dos grandes de seu tempo. E quando tudo parecia acabado numa sentença de cruz ele ressurge vivo, outra vez, no terceiro dia. A ressurreição foi a vitória sobre tudo aquilo que parecia fracasso e silêncio de Deus.  

Para Herodes, ou pessoas que reduzem o sentido da vida aos horizontes da história, tudo acaba com a morte. Mas, para Cristo e seus seguidores a morte não passa de um nascimento. Por isso, a Igreja chama a festa do martírio de João Batista de “Dia natalis”, ou seja, o dia do nascimento. Incorporado a Cristo, por antecipação, João se associa à sua morte, completando assim, em sua carne, o que faltava à paixão de Cristo. Daí se entende o aparente silêncio de Deus diante dos dramas humanos. A vida, numa perspectiva de fé, ultrapassa em muito o que vemos no horizonte.

João Batista é um modelo de vida e de fé para todos os tempos. Mas, não é muito fácil seguir suas pegadas. Certamente, nenhum de nós terá que enfrentar o martírio. Mas,  teremos que enfrentar a indiferença e o ateísmo prático de nossos dias. Isso gera dor, gozações ou críticas, às vezes, dentro de nossas casas! Diante do exposto, vale a pena o questionamento: Qual o preço estou disposto a pagar pela minha fé? Como me posiciono diante da verdade? Procuro ser verdadeiro no relacionamento com as pessoas que me cercam? O meu jeito de agir e encaminhar as coisas me aproxima mais da luz ou das trevas?

Que São João Batista nos abençoe!

Imagem de awsloley por Pixabay 


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  1. Ouvir um profeta nunca foi fácil nem naquele tempo e nem hoje. O profeta às vezes, navega contra a correnteza. Não sendo "Maria vai com as outras", sua voz incomoda. Para não serem incomodados, alguns preferem amordaçá-los

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